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Diário da Câmara dos Debutados

a ombridade, que se pode tratar connosco, e todas, mesmo as que combatemos, estão certamente dispostas a abrir-nos o crédito da sua plena confiança. Pela nossa parte empenhar-nos hemos em estreitar com elas as nossas relações, muito especialmente com o Brasil, nosso irmão com a Gran-Bretanha, nossa aliada histórica, com as outras aliadas de guerra, entre as quais a França, nossa companheira de armas logo na epopeia inicial da nossa nacionalidade, e a Bélgica, a mártir do Direito, e com a vizinha Espanha, em quem vemos, com antigo afecto, a Espanha das Navas de Tolosa e do Salado, a Espanha do nosso Fernão de Magalhães, á que compartia connosco o mundo maravilhoso das nossas emulas descobertas.

O mundo mudou. Constituiu-se a Sociedade das Nações. O Direito reina hoje entra elas. E nós fomos dos que se bateram valorosamente com todo o anseio da nossa alma por essa extraordinária transformação. Nesta nova atmosfera respiramos. Não mais serão possíveis atentados contra a nossa integridade. A guerra custou-nos muito, levou-nos sobretudo vidas preciosas, foi uma enorme provação, não há dúvida, mas dela saímos engrandecidos para o respeito geral dos povos.

Com essa força e prestígio, firmaremos a nossa situação internacional. Estão dependentes da ratificação do Parlamento os tratados e convénios que lhe foram já apresentados pelos Governos transactos. E o actual Governo diligenciará negociar convenções que abram os mercados estrangeiros aos nossos principais produtos metropolitanos e ultramarinos. O dosafô-go da "sua exportação muito contribuirá para debelarmos a nossa crise económica e financeira, que é também reflexo da crise geral das relações comerciais entre as nações.

Muitos dos propósitos que enunciámos foram já exarados ,no programa dos nossos antecessores. E que se impõem. Mas urge levá-los a bom termo. E o que a Nação reclama impacientemente. E nós, seus mandatários no Governo, teremos o maior orgulho em dirigir, ao lado do preclaro Chefe do Estado, inspirando-nos sempre no seu alto patriotismo, a obra grandiosa da nossa reconstrução nacional,

que é decisiva. Ou, com tcdo o sangue altivo da vitória, nos erguemos dos escombros das nossas dilacerantes contenções, mostrando-nos dignos dos nossos mortos, ou o horizonte do nosso destino se entenebrece.

O Governo, consciente das suas respon-sabilidades, apresenta as suas homenagens ao Congresso da República.

O Sr. Vitorino Guimarães : — Sr. Presidente : o Partido Republicano ouviu, com toda a atenção, ler a declaração ministerial apresentada pelo ilustre Presidente do Ministério, Sr. Bernardino Machado, e é gostosamente que afirma poder o Governo contar com toda a dedicação e simpatia deste lado da Câmara.

É que atravez dessa declaração ressalta uma tam profunda fé no futaro do país, uma tam alta esperança na salvação da Pátria e da Republica, que níio há português algum que possa negar p£:ra uma obra tam alevantadamente naciona', patriótica, toda a sua cooperação e aplauso.

Sabe o Partido Republicano/ Português as dificuldades que houve prra a constituição do actual Governo e por isso reconhece bem a prova de iseneão e de patriotismo - que deu o Sr. Ber.aardino Machado.

S. Ex.a a dentro da República já tinha assumido o cargo mais alto a que um homem político pode aspirar, e assim, não foi para satisfazer qualquer vaidade que S. Ex.a aceitou o lugar de que o encarregou o venerando Chefe de Estado, mas simples e unicamente com o fim de pres-trar mais um relevante serviço ao País o à República.