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Sessão de 7 de Março de 1921

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Pena foi, repito-o, que estas duas altas competências não pudessem continuar nos seus cargos; mas nós sabemos que as exigências de ordem política muitas vezes obrigam os partidos a não poderem satisfazer todas as suas aspirações e assim nós tivemos de aceitar a saída desses nossos ilustres correligionários, aos quais nesta' ocasião apresentamos as nossas saudações e a expressão da nossa simpatia. (Apoiados).

Não pode o Partido Republicano Português dizer que lhe causou um excessivo entusiasmo a constituição dó' actual Governo como não lhe tem causado entusiasmo a constituição de todos os outros Governos de concentração.

Entende o Partido Republicano Português que, para efectivamente se realizar uma obra governamental profícua para a Pátria e para a República, é preciso haver uma integral homogeneidade: é preciso que todos os que compõem o Ministério tenham o mesmo pensamento.

Ora isto só se pode conseguir numa organização retintamente partidária ou então quando o indivíduo encarregado de constituir Ministério tenha inteira liberdade para escolher os seus cooperadores.

Não permite, porém, .a constituição ...do actual Parlamento que se possa pensar numa organizaçãr ministerial partidária e tal idea tinha de ser posta de lado.

Mas o Partido Republicano Português entende que uma outra forma havia para resolver a crise e que essa forma seria a constituição dum Governo presidido por um alto valor político que tivesse inteira liberdade na escolha dos Ministros e foi nessa ordem de ideas que o Partido Republicano Português, quando chamado para dar a sua opinião sobre a resolução da crise política, apresentou o seu ponto de vista.

Foi este ponto de vista pelo qual se bateu o Partido Republicano Português e infelizmente não sabe por que razão algumas dificuldades se levantaram e o venerando Chefe do Estado teve de escolher a resolução que hoje se apresenta dum Governo de concentração.

Mas desde que as cousas ficaram neste pé, o Partido Republicano Português, que jamais faltou ao cumprimento dos seus deveres, desde que lhe diziam que para a defesa da Pátria e da República era

preciso um Governo assim constituído, não podia negar-lhe o seu apoio.

A forma leal e franca como o Partido Republicano Português deu a sua cooperação para a formação deste Governo prova-o a representação que ele tem aden-. tro do Ministério, onde conservou dois dos antigos Ministros, os Srs. José Dominges dos Santos e Paiva Gomes, individualidades pelas quais o Partido tem a mais alta estima e consideração..

Mas fez mais do que isso, cedendo para a pasta das Finanças, que é a que marca mais intensamente na actual hora, um dos seus representantes mais queridos, pqr quem todos temos a mais alta admiração e apreço, o Sr. António Maria da Silva. (Apoiados).

Basta que do Governo façam parte estes nossos correligionários para ser quási pleonasmo dizermos que o Governo pode contar com o nosso apoio franco, leal e desinteressado.

Sr. Presidente: não pode o Partido Republicano Português fazer neste momento qualquer objecção acerca da declaração ministerial, que apenas a ouviu ler de fugida; mas, duma maneira gera], concorda com ela em absoluto, chamando, no em-tanto, a atenção do Governo para os assuntos que correm especialmente por três pastas: Finanças, Estrangeiro e Agricultura.

E por estas pastas que correm actualmente os assuntos mais importantes e que exigem um trabalho inadiável e urgente.

Dadas as pessoas que ocupam essas pastas estamos convictos de que a obra que é necessário realizar será feita e por esse motivo pode o Governo contar absolutamente, não só com o nosso apoio franco, leal e desinteressado, mas até com a nossa cooperação.

Terminando, eu cumprimento o Governo, em nome do Partido Republicano Português e mais uma vez agradeço a S. Ex.a o Sr. Bernardino Machado o alto serviço que acaba de prestar ao país aceitando o encargo de formar Governo nesta hora tam cheia de dificuldades e de perigos, como é aquela que estamos atravessando.

Muitos apoiados.