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Sessão de 8 de Março de 1921

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os desmentidos oficiais, se trama neste momento uma conspiração grave contra, a vida da República. (Apoiados).'

Estamos, portanto, em vésperas de cerrar fileiras para defesa da República; mas S. Ex.a diz bem, ó preciso que nós pensemos não só na defesa momentânea da República quando ela está em perigo, mas na sua organização estruturalmente republicana, rodeando-a de instituições liem republicanas: um exército republicano, uma burocracia republicana, um comércio republicano e uma alta banca republicana. (Muitos apoiados).

É preciso afirmar-se aqui que o gesto glorioso de Machado Santos, em 5 de Outubro do 1910, não foi esta simples cousa mesquinha dum rei a fugir num barco da Ericeira e o Sr. Teófilo Braga a tomar conta do Governo com o chapéu ^e chuva debaixo do braço!

Risos. •

Nós andamos há tempo a expiar o crime de não termos sabido organizar a República! (Apoiados). °'

É por isso que nós, populares, temos pregado sempre a defesa absoluta das instituições republicanas.

É por isso que nós, ainda nesta hora, votaremos contra a amnistia! (Apoiados).

É por isso quê nós sempre pregaremos esta defesa intransigente da República, e fique V. Ex.a sabendo' que assim somos até considerados pelos nossos adversários.

Ao menos eles sabem que nos encontram sempre, cara a cara, quer nas horas de perigo, quer nas horas de triunfo, pois que não queremos que a nossa bondade seja tomada como fraqueza, e, como dizia o poeta, os justos e os fortes não perdoam.

Olhamos uns para os outros, adversários como somos, e que amanhã não hesitarão em matar se isso for preciso; mas não andamos a mendigar, de mãos estendidas, o apoio dos monárquicos! (Apoiados).

Isso vai contra a uossa dignidade de .republicanos! (Apoiados).

E note \T. Ex.a que isso deve ser um dos seus objectivos, como foi aquele que sempre procurei conseguir dentro do meu Ministério.

É preciso rodear a República de instituições republicanas. (Apoiados}.

Digo-o bem alto: devemos proteger o comércio republicano; proteger altamente a República, dando condições de vida àqueles que são republicanos, e prejudicando as condições de vida daqueles que o não são, pois só assim a República se poderá consolidar.

Uma voz:—Bacalhau republicano e bacalhau monárquico.

0 Orador:—Diz-me aqui um ilustre Deputado que há bacalhau republicano e bacalhau monárquico.

1 E este, Sr. Presidente, um grande argumento apresentado por parte de um membro do Partido Liberal!

Um dichote contra um argumento!

É assim, Sr. Presidente, que o Partido Liberal argumenta nesta hora trágica, e a que eu não poderei deixar de responder se bem que o termo seja um pouco plebeu:

— Ora bolas!

Pode V. Ex.a, Sr. Presidente do Ministério, contar, em. questões de ordem pública, com o nosso incondicional apoio, es-tándo'ao lado de S. Ex.a em tudo quanto diga respeito à defesa da República, de forma a que possamos entrar numa hora de paz e tranquilidade, pois de contrário o melhor será então o deixarmo-nos dis-*to, por isso que não estamos aqui a fazer nada.

A seguir à questão de ordem pública, que é para mini a mais importante neste momento, vem a questão que se prende com a pasta das Finanças.

Assim, Sr. Presidente, eu direi que tem o Sr. António Maria da Silva já um caminho largo e aberto diante de si.

O Ministro das Finanças do G-ovêrno transacto era atacado; S. Ex.a é defendido e tem recebido apoio dos jornais, o assim direi novamente, tem o caminho desembaraçado o portanto -é seguir para diante.