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Sessão de 8 de Marco de 1921

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xou passar tantos dias sem vir a esta Câmara, e sobretudo que antes da declaração ministerial fizesse declarações na imprensa: uma relativa à ordem pública, outra referente às. intenções financeiras do Governo.

No tocante à ordem pública, o Governo declarou que reinava a paz em Varsóvia, e que havia tranquilidade absoluta, e no emtanto, vinte e quatro horas depois, publicava nos jornais em letra muito grande uma nota, que creio oficiosa, porque não foi desmentida, sobre um .comando único de forças.

Quanto às afirmações feitas pelo Sr. Ministro das Finanças, o meu velho amigo Sr. António Maria da Silva, elas visam a dizer que não havia razões para temores, pois que já havia dinheiro, que o porão estava cheio de dinheiro,, tanto assim que se tinha já feito um pagamento adiantado.

O Sr. Pais Rovisco (interrompendo): — Descobriu-se uma mina. de ouro.

x

O Orador: — Sr. Presidente: eu li com toda a atenção a declaração ministerial, e se bem que não posso deixar de apresentar os meus cumprimentos ao Governo pelas afirmações que fa/, que são bem republicanas e patrióticas, não posso no emtanto deixar de fazer alguns reparps.

Em primeiro lugar, Sr. Presidente, é para lamentar que esse documento não laça uma pequena referência sequer à marinha de guerra portuguesa, essa marinha de guerra, Sr. Presidente, que tem merecido, sem dúvida, as maiores atenções do País inteiro e que merecem sempre as atenções por parte do Sr. Bernar-dinp Machado.1

E certo que esta marinha de guerra não teve a mais pequena referência na declaração ministerial, se bem que ainda há muito pouco tempo tivesse dado um sinal de si, mandando um cruzador à América, onde foi recebido com as maiores atenções. -

Na passagem relativamente à instrução, eu vejo que S. Ex.a tem a intenção de a melhorar o mais possível; no emtanto eu, neste ponto, sou de opinião, conforme já tive ocasião de dizer a S. Ex.a que se deve enviar para o estrangeiro um número relativamente grande de es-

tudantes^ a fim de poderem frequentar as escolas de Inglaterra, da França e da Bélgica, etc., pois estou certo que eles, quando'regressarem a Portugal, serão mais portugueses do que eram,-passando com uma certa dificuldade por certas ruas de Lisboa.

Não posso também concordar com o que S. Ex.a diz relativamente à política internacional e à Liga das Nações.

Diz S. Ex.a que confia que nunca mais serão possíveis .atentados contra a nossa integridade.

Permita-me também S. Ex.a que lhe diga que discordo de S. Ex.a, e assim lembro a conveniência da leitura desse memôrandum não há muito tempo publicado por um Ministro alemão sobre a divisão das nossas colónias.

Sr. Presidente: no tocante h nossa representação diplomática, eu já tive ocasião -de dizer nesta Câmara qual a minha opinião, tendo apenas a acrescentar que julgo urgentíssimo que se rejuvenesça a nossa diplomacia. E ela exercida por homens respeitáveis, com grandes serviços à Eepública, por homens que já têm prestado muitos serviços depois da guerra, mas eu desejaria que eles possam acompanhar essa evolução que se tem dado na diplomacia de todo o mundo, sendo vigilantes, sempre atentos, e não desdenhando absolutamente subindo as escadas do Ministério dos Estrangeiros a tratar dos interesses dos nacionais, e não fazendo cousa alguma que possa sequer parecer tendência a desnacio nalizar. Eu já tive ocasião de dizer, quando me referi aos factos que se passaram no Brasil, que tenho muita consideração pelo actual embaixador nesse país, que S.Ex.a possui uma grande inteligência, que é um grande matemático, mas há situações, há dificuldades que não se resolvem com integrais, mas actuando e acudindo logo desde começo.

^ Quem sabe, Sr. Presidente, se o Sr. Duarte Leite viesse a Lisboa explicar o que se tem passado, não seria de um altíssimo proveito para os dois países, e que completamente desaparecesse esse mal entendido?