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Diário da Câmara dos Deputado»

representando muita abnegação e maito espírito democrático.

Seria humano e legítimo que S. Ex.a, que tanto sofreu, atirado para o estrangeiro violentamente, expulso do lugar a que tinha direito, enxovalhado lá fora pelas agências do dezembrismo, que S. Ex.3, digo, se afastasse da política e fosse passar o resto da sua vida na doce quieti-tude da sua família, tranquilamente; S. Ex.a, porém, não o fez e aceitando neste momento o cargo 4e Presidente do Ministério mostrou que é um grande cidadão e um grande patriota.

Esse seu gesto está merecendo o maior aplauso no estrangeiro, e que ele realmente é útil para a Pátria e para a Republica afirma-o a raiva com que os inimigos do regime estão neste momento atacando S. Ex.a

Ninguém pode esquecer os serviços prestados pelo Sr. Bornardino Machado.

Eu n5,o posso esquecer que se é certo que muitos republicanos, no número dos quais eu me conto, quando os partidos só combatiam mais vivamente do que seria para desejar, andavam por esse país fora a explicar ao povo a grande vantagem de se fazer a União Sagrada; se é certo que muitos podem reivindicar a honra de terem contribuído para essa união, a verdade também é que a S. Ex.â pertenceu a honra de a efectivar. Poderá ossa obra ter muitos pais e muitas mães, mas permita-me S. Ex.* que lhe diga que foi a «parteira» da União Sagrada.

A «criança» não saiu como seria para desejar. Faltou-lhe talvez uma perna ou um braço, mas a culpa não foi de S.Ex.a o Sr. Bernardino Machado, que se esforçou sempre por fazer a união de todos os republicanos e que, à hora em que da Rotunda partia o primeiro tiro de canhão, estava falando com o chefe do Partido Unionista, convencendo-o a entrar para a União Sagrada.

Não posso esquecer que depois da nossa entrada na guerra foram enviados ao nosso país navios estrangeiros, ingleses e franceses, para saudarem a República Portuguesa e não posso osquecor que uma força dum desses navios, dum couraçado inglês, desembarcou com armas na mão para vir saudar em especial a pessoa do Sr. Bernardino Machado.

De resto,, ninguém pode esquecer as

excepcionais deferências que S. Ex.a recebeu quando visitou a Inglaterra, Ver-dnn e o rei da Bélgica.

Mesmo depois, no exílio, â hora em que de Sidónio partiam os maiores enxo-valhos para S. Ex.a, o Sr. Bernardino Machado era recebido pelas mais altas personalidades dos países estrangeiros.

Podo S. Ex.a praticar erro?- durante o seu Qovêrno, poderá ser pouco feliz, mas não há dúvida de que o sou"gesto, deter constituído Governo neste momento, representa um altíssimo serviço ao país.

Cumpre-me agora saudar os ilustres colegas dê S. Ex.a

Todos eles são homens que muito tom trabalhado pela República, e todos ,êles, quási, têm sofrido por ela, e o Sr. Álvaro de Castro deixou em Moçambique rasto brilhante como governador, chefe militar e diplomata, e o Sr. Álvaro de Castro teve a cabeça a preço.

Entre eles um ainda conserva, possivelmente ainda, nas costas os vestígios do azorrague do dezembrismo. Outros conheceram a cadeia, e merece especial referência um, que não sendo parlamentar, é um homem de sciência, o Sr. Bredero-de, Ministro da Marinha.

Eu, Sr. Presidente, permito-me falar ainda em nome dos meus colegas independentes, para o que fui autorizado, dizendo que me considero satisfeito devidamente, por ver que o Sr. Presidente da República, que quis dar-nos & honra de ouvir a nossa opinião, acoitou a forma que lhe indicámos.

Não há dúvida que todas as concentrações fracassaram.

Nenhum partido poróm hoje pode governar sòsinho. e qualquer outra concentração que se fizesse estava sujeita ao mesmo fracasso.

Foi nossa opinião que o Governo de via ser confiado a uma alta figura da República, sem estreitas ligações partidárias, e tanto melhor que se escolhessem os leaders dos partidos, come foz o Sr. Bernardino Machado.