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Diário da Câmara dos Deputados

permitisse a dissolução, três Parlamentos foram dissolvidos durante os dez anos da vigência da Repúbiica.

Uma voz: — E o resultado? Qual íoi o resultado?

O Orador: — Disse que as me&mas causas produzem os mesmos efeitos. E a esse efeito podemos chamar fenómeno.

Não se trata apenas de dissoluções violentas por parte dos elementos de Pimenta de Castro, ou por parte dos elementos do dezeinbrismo.

Talvez seja por terem vergonha que esses factos se, tivessem dado que não se tem dado a dissolução.

Não devemos ter vergonha dos factos; os factos não são vergonhosos, as atitudes é que são vergonhosas.

Eu já disse aqui que a dissolução era requerida, quando mais não fosse, para se saber o que pensa a opinião nacional dos diversos grupos parlamentares, como o Partido Liberal, o Partido Popular, o Partido Democrático, o Grupo Dissidente e o Partido Reconstituinte.

Os parlamentares não quiseram a dissolução, não quiseram a resignação do seu mandato, não quiseram saber o que deles pensava a opinião nacional.

Sr. Presidente: é meu parecer que, logo que foi aprovada a dissolução, o Parlamento se devia ter dissolvido e proceder a nova consulta ao país. Foi um erro, como erro foi prolongar as constituintes. (Apoiados).

São erros que a política, como a natureza, nunca perdoam.-

Não são só estas as razões, por que o Partido Republicano Liberal deseja a dissolução; ó também porque há assuntos duma grande transcendência, e a respeito dos quais é necessário que o píiís se pronuncie.

Temos a questão dos abastecimentos, em que uns propugnam pela liberdade de comércio graduada, até chegar à livre concorrência, e outros propugnam e defendem a restrição pelo tabelamento.

Há ainda, em relação à^política económica e financeira, aqueles que querem uma protecção eficaz à lavoura, ao comércio e à indústria nacionais, e aqueles que querem a todo o transe o bíiratea-rnentò da vida, mesmo com o sacrifício

das precárias circunstâncias em que vivem a lavoura, o comércio e a indústria nacionais.

jdi indispensável, pois, que a respeito destes magnos assuntos o país se pronuncie, e até hoje, a não ser por representações das classes respectivas, por um ou outro'comício, ou pelo que os jornais dizem, o país não se pronunciou sobre eles, e, assim, nós continuamos sem saber ao certo se estamos ou não conformes com a vontade da Nação.

Sr. Presidente: ainda há poucos dias iia Inglaterra, só porque se levantaram divergências a respeito do cumprimento do Tratado da Paz, algumas vozes pediram a dissolução do Parlamento, para que a tal respeito o povo se pronunciasse, ííós nem mesmo em relação às mais graves questões internas, quer de carácter político, quer de carácter ecoriómieo, quer de carácter financeiro, nos julgamos obrigados a fazer novas consultas ao povo. (Apoiados).

Ainda, Sr. Presidente, e em poucas palavras, devo explicar à Câmara e ao país as razões por que o Sr. Tomé de Barros Queiroz, ilustre presidente do Directório do Partido Republicano Liberal, não organizou Ministério. Os representantes do Partido Democrático tinham apontado os nomes dos Srs. Brito Camacho, Tomé de Barros Queiroz e Afonso Costa, para organizarem Ministério.

Sabido, como era, que nem c Sr. Afonso Costa, nem o Sr. Brito Canacho, por várias vezes terem manifestado» a sua firme vontade de não organizarem Ministério, desta vez fugiriam à sua atitude irredutível, o Partido Democrático quis apenas, lançando estes nomes, definir, por assim dizer, qual deveria ser a bitola dos homens públicos que haviam ie presidirão Governo.

Encontraram os partidos, realmente, um nome assim: é o do Sr. Bernardino Machado, um dos homens m us experimentados da República, e que não obs-tante as suas responsabilidadeis, tem dis-frutado as mais altas situações, sem jamais ter pensado nos seus cómodos pessoais, e tendo sempre em mira o bem estar do regime. (Apoiados).