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Sessão de 9 de Janeiro de 1923
ao câmbio médio de ontem (2 7/16 e 2 3/8) corresponde aproximadamente a 16:000 libras. Quere dizer: cada tonelada bruta rendeu para o Estado, conta redonda, apenas 4 libras e 2 xelins, e cada tonelada dead-Weight, que é aquela que serve sempre de base, rendeu 3 libras e 4 xelins!
Pretende-se levar em conta também uns hipotéticos 900 contos de reparações, reputadas necessárias para o navio poder obter a classificação dos Lloyds. Mas como se pode admitir a necessidade duma verba tam elevada para reparação em um navio que tem andado a navegar de perfeita saúde entre o continente e as ilhas?
Apoiados.
Não estarão incluídas ali também obras de aperfeiçoamento e adaptação ou de luxo? É interessante averiguá-lo, porque se o Estado, em face do § 6.º do artigo 9.º da lei citada, nada tem com as reparações imprescindíveis, muito menos pode ser lesado com trabalhos de adaptação mercantil do barco.
Mas dêmos de barato que o Lima tinha de sofrer, no ajuste da venda, a depreciação de 900 contos, ou sejam 9:000 libras. Apesar disso, ao total de 2:500 contos equivalem apenas 5 libras e 3 xelins por tonelada dead-Weight.
É pouco! É muito pouco! E por isso, ainda assim o negócio não era mau para quem comprou...aquela sucata, que, apesar de tudo, lhe estivera afretada, até à data da venda, pela bagatela de 1. 000$ ou 1. 2005 por dia!...
Apoiados.
Senão vejamos.
O vapor Viana tem apenas 3:056 toneladas, e é unicamente de carga, e, portanto, já por êste motivo, de valor inferior ao do Lima. Pois consta-me que está avaliado para entrar em praça por 28:000 libras, ou sejam mais de 9 libras a tonelada!
Os navios mixtos como o Lima, são actualmente bastante procurados, especialmente em Itália, podendo obter ali fàcilmente o preço de 10 libras a tonelada.
A Inglaterra, que, por assim dizer, fixa a cotação mundial da tonelagem, pede actualmente pelos seus barcos unicamente de carga, preço muito superior ao que foi estabelecido para o Lima e isto apesar de ser importante a tonelagem que está amarrada nos portos daquele e doutros países.
O Sr. Presidente: — Previno V. Ex.ª de que passou o tempo que o Regimento marcava para usar da palavra.
Vozes: — Fale, fale.
O Sr. Presidente: — Em virtude da manifestação da Câmara, pode V. Ex.ª continuar.
O Orador: — Agradeço a atenção de V. Ex.ª e da Câmara.
Pois tenho presentes várias propostas muito recentes da venda de navios, que me foram facultadas, e de que, para confronto, vou dar conhecimento à Câmara.
Pelo Aimyn de 1:210 toneladas D. W. e construído em 1903, pedem-se 10:000 libras, ou sejam 8 libras e 3 xelins.
Pelo Horley Grange, de 1:500 toneladas D. W. e construído em 1904, pedem-se 12:500 toneladas, isto é, 8 libras e 3 xelins por tonelada.
O Folmina construído em 1920 e com 1:800 toneladas D. W. importa em 22:500 libras, o que corresponde a 12 libras e 5 xelins a tonelada.
E, finalmente, pelo Knottingley construído precisamente no ano em que o foi o Lima (1907), e tendo apenas 1:100 toneladas D. W., foram pedidas 1:100 libras, o que equivale a nem mais nem menos do que 10 libras por tonelada, muito mais do dôbro do preço ajustado para o Lima, que, repito, não é apenas navio de carga, como êste e todos os mais que referi.
Eis a eloqüência esmagadora dos números, que não serve para aconselhar a venda no estrangeiro, mas serve para edificante confronto e vale mais do que todas as habilidades com que se queira encobrir mais esta negociata, que a própria imprensa republicana trouxe a público e energicamente comentou! Tam escandalosa ela é que, segundo relatam os jornais, o Sr. Fernando Brederode se julgou moralmente impossibilitado de continuar a fazer parte do Govêrno devido a inadvertidamente ter lançado, em 29 de Dezembro o despacho, a cuja sombra o facto se consumou. Honra lhe seja.
Apoiados.