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Sessão de 18 de Janeiro de 1923
colónias, seja uma preocupação mais constante.
Sr. Presidente: se tivermos de avaliar o valor de uma colónia, como Moçambique, pela sua população — e evidentemente é êsse um dos elementos mais importantes para se julgar do valor de uma colónia, — teremos de considerar a província de Moçambique como sendo uma colónia pobre, quási miserável.
A Câmara sabe que a população da província não excede três milhões e quinhentos mil habitantes, incluindo os indígenas, brancos, amarelos, de todas as nuances de cor que vivem em Moçambique.
Considerando esta escassa população e a área enorme de Moçambique, que é cêrca de 800:000 quilómetros quadrados, ou seja aproximadamente a área da metrópole, vemos que a densidade específica é de 4,5 por quilómetro quadrado.
Acontece ainda, Sr. Presidente, que na província de Moçambique, há um grande número de mulheres muito superior ao de homens, de modo que o número de trabalhadores escasseia.
Devo dizer que não é justa a acusação que se tem feito à província de Moçambique, dizendo que não tem feito o seu censo de população, pois eu vi o de 1920, que é feito com todo o cuidado que faz inveja à metrópole, pois está feito por forma que se sabe o número de homens, de mulheres e de crianças.
O número de casal regula entre 3 e 5, mas em geral é de 3.
Como V. Ex.ª vê, escasseia o número de trabalhadores e acresce a emigração que se fazia para S. Tomé, para a Rodésia e para o Transvaal.
A mão de obra na província de Moçambique escasseia, devido não sei se ao solo se à falta de iniciativas.
Logo que fui para a província, sustei e depois proïbi a emigração para S. Tomé, o que foi mal visto em S. Tomé e mesmo na metrópole, mas a província principalmente na parte norte não pode dar gente para fora.
Eu fui alvo de crítica de pessoas que estão sempre dispostas a criticar, e diziam que eu tinha proïbido a emigração para uma terra portuguesa, permitindo-a para a Rodésia, terra estrangeira.
Sr. Presidente: não precisava dizer a V. Ex.ª nem à Câmara que me encontrei diante de um contrato para mandar para a Rodésia trabalhadores, contrato feito em Lisboa em 31 de Março de 1909 e depois renovado na província, até 31 de Março de 1925.
De forma que eu tinha diante de mim um contrato ainda por quatro anos.
Se pudesse, eu revogaria êste contrato, pois o norte da província não pode fornecer trabalhadores seja para onde fôr.
A emigração para a Rodésia representa um importante deficit por ano.
Não tenho a êste respeito nenhuma idea marcada a priori, nenhum pensamento reservado.
Tenho apenas o conhecimento da província e dos benefícios ou malefícios da Convenção.
A propósito do que tenho ouvido que seria mais conveniente realizar, devo dizer — e em suma não quero deixar de dizer tudo quanto possa servir para concluir da minha autoridade como governador da província de Moçambique — devo dizer que logo que fui nomeado quis ouvir o Conselho de Ministros para expor os meus modestos planos de governo em Moçambique, sobretudo para me pôr em todos os pontos fundamentais de acôrdo com o Govêrno da metrópole, porque supunha que havia uma política no Ministério das Colónias, fazendo-se através desta sucessão inumerável de Ministérios, porque compreendo que no Ministério das Colónias, como no dos Negócios Estrangeiros, deva haver só uma política, a do Ministro, porque cada um traz e leva para a casa a sua política.
A política do Ministério seria a orientação mais vantajosa, por ser a mais consentânea com os interêsses permanentes do País.
Procurei, pois, saber qual seria a política do Ministério que estava ou viesse a estar.
A despeito da boa vontade, e já tive ocasião de o dizer nesta tribuna, de todos os Ministros, e êles foram não me recordo quantos, porque não tenho aqui os apontamentos, mas foram muitos no breve espaço de tempo que medeou entre a nomeação e a partida, não consegui comparecer perante o Conselho de Ministros para expor, como já disse, os meus pontos de vista em matéria de governação da