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Diário da Câmara dos Deputados
província, e ouvir os pontos de vista do Govêrno.
Desejava trocar com o Govêrno impressões, não só a respeito da Convenção, porque até certo ponto tinha recebido do Sr. Vieira da Rocha uma exposição comparativa, para a resolução da Convenção, questão fundamental, e sôbre a reforma monetária.
Êstes eram os pontos fundamentais.
Não consegui trocar impressões com o Sr. Ministro das Colónias.
Não pude expor os meus modestíssimos estudos.
Reconhecia a necessidade de denunciar a Convenção, e dotar a província do número de trabalhadores necessários para que a província entrasse em uma nova fase de desenvolvimento.
Aqui têm V. Ex.ªs uma das razões, não a única, mas uma das mais importantes, que me levaram a fazer a denúncia da Convenção com o Tranvaal.
Com a escassa percentagem de homens válidos, não se pode, e com a extensão quási infinita, não se pode prescindir de milhares de homens, que vão trabalhar numa terra estrangeira.
Apoiados.
Acontece ainda que o indígena não é um grande trabalhador. O indígena — e nisso até se parece com o branco — (risos) não morre pelo trabalho; e não é por virtude da sua miséria orgânica.
Tenho ouvido expender ideas na metrópole sôbre o definhamento da raça negra, que não têm o menor fundamento.
Tive ocasião de visitar toda a província, e apenas numa região do norte encontrei gente fisicamente degenerada.
É talvez a raça, se raça se pode chamar, porque o estudo das raças em Moçambique não está feito, como se podia julgar — e emprego aqui a palavra raça na acepção vulgar e não com o significado rigorosamente scientífico — é, repito, com certeza a raça mais fraca, débil e degradante de toda a província.
Resulta isto não de vício ingénito, mas da alimentação, sobre o que incide o excesso.
Sem exame rigoroso, tive ocasião do obter o número total dos trabalhadores que tinham regressado, uns 130, alguns perfeitamente esqueléticos, incapazes dum qualquer trabalho.
A raça preta em Moçambique é uma raça a definhar e a da metrópole é uma raça já definhada.
Permitam-me que lhes diga que chega a fazer impressão ver a província de Moçambique com belos rapazes garbosos, com aprumo, comparando-os com os soldados daqui, que não têm êsse garbo do exterior militar.
Apoiados.
O Sr. Velhinho Correia: — Nunca tiveram.
O Orador: — Sr. Presidente: se a população indígena, como já disse, é realmente insuficiente, a população branca de forma nenhuma supre esta falta.
É necessário dizer-se, porque é absolutamente verdade: tem-se entendido que o indígena precisa trabalhar mais, e êle só trabalhará mais quando tiver necessidades. Mas que ordem de necessidades?
É a necessidade do branco e não a dêle.
Assim, nem é justo nem se consegue levar o indígena a uma maior soma de trabalho. É necessário que o preto trabalhe mais, mas também será razoável que o preto aproveite alguma cousa da sua produção, não sendo esta ùnicamente em benefício do branco.
Apoiados.
Pretender criar necessidades ao preto ùnicamente por meio de aumento de impostos, é uma cousa iníqua, além de ser idiota.
É preciso que êle tenha necessidades suas, necessidades de cuja satisfação tire algum prazer, porque o preto não entende, e nisso é mais inteligente do que o branco, que tenha de trabalhar mais simplesmente para comodidade do branco, e para que êste possa acumular fortuna.
É preciso nunca ter estado numa colónia, por muito pouco observador e mau psicólogo que se seja, para não ver como o indígena, vaidoso e imitador, poderia ser levado a adquirir necessidades de vária ordem, que o obrigassem a dar uma maior soma de trabalho.
Se o indígena não tem hoje necessidades de alimentação e se contenta com o que a natureza lhe dá, raízes ou ervas; se não tem necessidades de vestuários, contentando-se só com os panos, mas até com a casca de árvores, formando uma espécie de serapilheira que muito bem