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Sessão de 18 de Janeiro de 1923
pole. Precisa que a metrópole ali faça fixar algumas centenas de famílias.
Isto suponho não ser muito, para que a colónia entre a valer no período de desenvolvimento por possibilidade das suas sobras. Suponho que não é muito.
É absolutamente indispensável dinheiro. Precisa de 20:000 contos, que sejam 20:000 contos em dinheiro, e não 20:000 histórias, para obras de fomento de que carece.
A província tem, conforme eu já tive ocasião de dizer à Câmara, uma grande porção de terreno sem ser aproveitado, tendo também uma grande quantidade de caminhos de ferro, mas quási todos de penetração, pelo que se vê que todos êles foram feitos com o único intuito de irmos buscar ao estrangeiro o que necessitamos.
O que é preciso acentuar é que a Província de Moçambique tem elementos de vida próprios, podendo muito bem viver com os seus próprios recursos. (Apoiados).
É preciso acentuar isto, visto ser uma verdade incontestável.
Eu tive ocasião da verificar que uma grande parte da província de Moçambique se encontra num estado verdadeiramente deplorável, estando uma grande parte dos terrenos sem agricultura, se bem que uma grande parte dos agricultores, que são funcionários públicos, estejam constantemente a pedir ao Govêrno caminhos de ferro, capitais, etc.
Eu tive ocasião de verificar que há ali uma grande quantidade de terreno onde não há um palmo cultivado, não sendo isto devido à falta de comunicações, pois que existem apeadeiros, estações ou paragens.
Tive a explicação que vou dizer.
Numa paragem era um preto que trazia um pato, noutra paragem era um preto ou um branco que tinha ido caçar.
Ora é fácil ver o que isto pode representar para a exploração dum caminho de ferro. Assim o caminho de ferro da Swazilândia liquidou o ano passado com um deficit de cêrca de 10:000 libras.
Interrupção do Sr. Jaime de Sousa.
O Orador: — Houve, é certo, negociações entre o Govêrno de Moçambique e o do Transvaal para a construção do caminho de ferro.
Se os ilustres Deputados se derem, porém, ao trabalho de compulsar todo o respectivo dossier, terão ensejo de verificar que a construção do caminho de ferro da Swazilândia foi uma das muitas espertezas do portuguesito valente.
Dizia-se que, fazendo-se o caminho de ferro na província até um ponto tal da fronteira, os ingleses não teriam remédio senão construir também o seu.
Então chamaram-se os engenheiros, tomou-se pessoal, adquiriu-se material e deu-se imediato comêço à construção. Chegada a linha ao ponto em que podia tomar uma directriz que se tivesse por mais conveniente, tratou-se do assunto com o Govêrno do Transval. A resposta dêste foi que nunca pensara em construir semelhante caminho de ferro.
Eu suponho que êsse caminho de ferro, para realizar o fim para que foi considerado, teria de atravessar o Zambeze, e êste no ponto mais estreito tem aproximadamente três milhas de largura, sem encontros para uma ponte. Sou levado a supor que dentro da província êste caminho de ferro não teria nenhuma função útil.
Tive ocasião de atravessar o Niassa, e tive a impressão de que a nossa aliada quando do convénio teve apenas o intuito de nos desembaraçar de uma larga facha de terreno, para que nós com a mais pequena parte nos fôsse mais possível colonizar.
Risos.
Mas o que é verdade é que não encontrei senão desolação, e miséria. Nenhuma cultura de que se depreendesse um comêço de riqueza.
Durante a guerra, quando tudo valia muito, ainda o tabaco valeu alguma cousa; mas depois os comerciantes e agricultores, que não saíram a tempo, arruinaram-se.
Êsse caminho de ferro tem garantias de juro, por isso pode viver.
Como disse, eu não sei como se pode pensar em caminho de ferro que necessita de uma ponte com três milhas.
De resto, êsse caminho de ferro atravessa uma região inóspita, árida e flagelada pela mosca tzé-tzé.
Se tivéssemos feito o caminho de ferro do Chile, êle atravessaria uma região riquíssima de minas de carvão.