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Diário da Câmara dos Deputados
Não está estudado na província sob o ponto de vista geológico, pois como V. Ex.ªs sabem a última parte estudada foi Angola.
Nós não temos feito nenhum estudo da província.
Tem-se trabalhado muito com as mãos e quanto a mim também com os pés.
Risos.
Exceptuando alguns homens que por ali têm passado, incluindo a minha pessoa, tem tido altas competências.
Sendo a província rica, tem-se pedido concessões de terreno, mas quando se fazem êsses requerimentos sem os que pedem saibam o que pedem, nem os que concedem saibam o que concedem por falta de elementos. Que eu saiba há apenas estudos muito ligeiros, como o do Sr. Freire Andrade, para uma tese. Mas, se não há uma carta da província, a Câmara preguntará porque é que eu a não mandei fazer.
Foi êsse o meu primeiro cuidado.
Entendi que se devia começar pelo sul da província, porque os homens de sciência diziam que os filões das minas da África do Sul deviam prolongar-se pela província, estando nessa parte, portanto, a sua maior riqueza.
Contratei um geólogo ilustre e sábio e à última hora (o meu sábio) recusou-se a ir, porque tinha a informação de que os leões nas ruas de Lourenço Marques comiam as pessoas.
Risos.
Eis a razão por que não se fez a carta.
Com respeito ao algodão não estou bem assente se a sua cultura se pode fazer ou não na província, porquanto não vi nenhuma plantação que denunciasse riqueza.
Isto é o que tenho visto em relação aos algodões, estando a fazer-se grandes plantações.
Interrupção do Sr. Portugal Durão, que não pôde ser ouvida.
O Orador: — Eu quis arranjar um técnico que fôsse ver se a província era própria para a cultura do algodão, arrumando-se êste ponto, porque já se tem gasto muito dinheiro.
Dirigi-me ao nosso Ministro na América, Sr. Conde de Alte.
Eu já tinha tencionado ir à América à minha custa, note a Câmara, e até tive o passaporte na algibeira, encontrando-me com o Sr. Conde de Alte que me apresentaria às pessoas de finanças, a fim de estudar o problema de irrigação do Alentejo.
S. Ex.ª mandou-me dizer que não podia arranjar o técnico que pedia, e que procurasse fora da América.
Eu devo dizer ao Sr. Portugal Durão que fui procurado por gente de Manchester, que me declarou que estava na resolução de empenhar grandes capitais na fabricação de algodão.
Àparte, não ouvido, do Sr. Portugal Durão.
O Orador: — Essa gente de Manchester só me pedia um monopólio da introdução do fabrico na província.
Mas, Sr. Presidente, eu ia dizendo que a cultura do algodão está mal estudada na província, e, se não tratei do assunto de forma definitiva, foi por não me ser possível, pois não encontrei quem fizesse os estudos necessários.
A riqueza de Moçambique é grande, e bastará dizer que só de carvão, segundo cálculos feitos, numa só região se podem extrair cem mil milhões de toneladas, mas mais ainda, porque também no sul da província foi encontrado carvão de boa qualidade.
Se assim é, e se se continuarem as pesquisas, dando bom resultado teríamos uma riqueza, demonstrando-se ao Sul Africano que não necessitávamos do seu carvão.
As experiências que já se têm feito têm dado bons resultados.
Sr. Presidente: a riqueza da província em certas culturas é grande.
A produção de carvão anda hoje por 50:000 toneladas.
Temos caminhado de vagar, mas a produção deve aumentar muito e em poucos anos exceder as necessidades do consumo.
A companhia do Buzi, pela qual tenho toda a simpatia, tem desenvolvido a sua cultura e produção, estando a produzir 100:000 toneladas, faltando-lhe todavia mão de obra, para se poder desenvolver.
A Companhia de Moçambique, tem uma área vastíssima e uma grande população, tendo mão de obra suficiente.