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Diário da Câmara dos Deputados
tabilidade pública as despesas e receitas dividem-se era ordinárias e extraordinárias.
O que se apresentou foi apenas como um elemento de estudo e não me parece que seja assim tam disparatado nem tam levianamente calculado como aqui se afirmou.
Eu vi que da maior parte dos oradores que tomaram parto na discussão houve um êrro quando partiram do princípio que o Ministro das Finanças pensava para breve numa estabilização com o câmbio que dêsse a libra a 9$.
Não foi essa a idea ao dividirem-se as despesas em normais e transitórias.
Nós entendemos que devíamos partir do princípio de que se amanhã tivéssemos a moeda ao par qual seria o preço da vida em Portugal.
Foi isso que eu calculei, como já tinha sido calculado no ano anterior.
Nós pretendemos conhecer quais seriam os nossos encargos se a moeda estivesse ao par.
Para se ver que êsses números não foram tomados ao acaso, eu vou mostrar à Câmara o número índice do último ano e que tenho aqui.
Nós vemos por exemplo que a Inglaterra tinha o índice, em Janeiro dêste ano, de 198.
Quere dizer, a vida tinha aumentado 98 por cento.
Depois temos, por exemplo, a Dinamarca, que é um país também de regime ouro, que tem o índice de 180, o Japão com 190, a Suíça com 163.
São estes os países que têm o padrão-ouro.
Vêem, portanto, V. Ex.ªs que não é um disparate assim tam grande como o quiseram apresentar, e que não houve intuito nenhum de exagerar. O que houve foi da parte de alguns Srs. Deputados um engano ao confundirem desvalorização cambial com aquilo a que eu pretendia referir-me, e que era apenas o aumento do custo da vida em condições perfeitamente normais.
Um outro assunto que foi também muito debatido e que causou em quási todos os oradores que tomaram parte na discussão, mas principalmente no Sr. Cancela de Abreu, uma grande impressão, é a divisão, feita no relatório, em situação financeira antes da guerra, durante a guerra e depois da guerra.
Também posso bem com essa responsabilidade, embora eu não me possa orgulhar da descoberta.
Ela não é minha, por isso que eu não fiz mais do que seguir aquilo que têm feito quási todos os outros países.
8e qualquer Sr. Deputado consultar os orçamentos que são apresentados nos diversos países, verá que em todos êles se faz um estudo da situação antes da guerra, durante a guerra e depois da guerra.
Na última conferência de Génova os vários países que apresentaram relatórios sôbre a sua situação financeira seguiram exactamente o mesmo sistema.
Quem ler o relatório publicado no Times sôbre a situação financeira da Inglaterra, relatório êsse aparecido há poucos dias, verá que na Inglaterra ò orçamento oficial começa no ano de 1914.
A única novidade que tem o Orçamento português, em relação aos orçamentos dos outros países, é que em Portugal é feita a comparação de antes da guerra nos anos do 1910 a 1914. Mas, na. verdade, tendo havido uma mudança de instituïções, era natural que. se aproveitasse a história financeira dêsse período, que marca uma transformação grande da sociedade portuguesa. Por isso, nos mapas que acompanham o Orçamento encontram-se referências a três anos de administração monárquica: os anos de 1907-1908, de 1908-1909 e 1909-1910.
Portanto, não se pode dizer que houve idea reservada de não querer mostrar quais eram os resultados da administração monárquica. Como todos reconhecem, apresentar mapas dum largo período tornaria muito volumoso o projecto do Orçamento.
Todos os oradores abordaram, como é natural, a questão do quantitativo do deficit, que é, na verdade, a mais importante. Podem V. Ex.ªs calcular que me foi desagradável apresentar o Orçamento com deficit. Se o não apresentei sem deficit ou com um deficit atenuado foi porque entendi que o Orçamento deve ser feito com toda a verdade e consciência. Fui atacado de optimista, mas se o quisesse ser fácil me era; todavia, seria enganar a Câmara e o país.
Disse-se que eu exagerei, o cálculo re-