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Diário da Câmara dos Deputados
São de tal maneira atacadas, combatidas, que fazem desanimar aqueles que se sentam nestas cadeiras, fazendo-lhes perder a energia, por maior que seja o desejo de bem servir o País.
Também foi feita a acusação de que se podiam evitar certas despesas.
Também posso perfeitamente repelir essa acusação, porquanto os maiores desgostos que tenho sofrido na minha vida política têm sido por não ter consentido nesta pasta que se gastem dinheiros que acho absolutamente dispensáveis.
E a êste respeito a Câmara conhece o que se tem passado com as reclamações do funcionalismo, em que há um grande fundo de justiça, porquanto a situação de muitos dos servidores do Estado é angustiosa.
Entendo que o Ministro das Finanças deve opor uma tenaz resistência a todos os aumentos de despesas.
Não deve nunca esquecer o célebre conceito de Thiersque dizia que o Ministro das Finanças deve defender os dinheiros do Estado até à ferocidade.
Parece-me que tenho desempenhado êste papel e continuarei a desempenhar e, quando me sentir sem energia para o desempenhar, abandonarei êste lugar.
Julgo ter respondido de uma maneira geral às considerações oue foram feitas pelos diferentes oradores.
E com respeito ao que disse o Sr. Morais de Carvalho, acerca da dívida pública, quando se tratar da especialidade terei ocasião de me referir a êsse ponto.
Sôbre a parte relativa ao Ministério da Guerra, creio que o ilustre titular dessa pasta já respondeu às considerações que aqui foram feitas.
Falou ainda sôbre o Orçamento o Sr. Paulo Cancela de Abreu que não fez mais do que reeditar a argumentação de que se serviram os seus colegas da minoria monárquica, aos quais já tive ocasião de responder.
S. Ex.ª levantou dúvidas sôbre os números da dívida pública que foram apresentados.
Efectivamente, da leitura do relatório pode depreender-se que houve um aumento da dívida pública.
Daí a razão que assiste a S. Ex.ª quando quere chegar à conclusão de que o Estado gastou mais algumas centenas de milhares de contos além daqueles que constam das contas apresentadas.
A medida que o câmbio vai piorando, vai aumentando o valor representativo da dívida:
E dêsse facto que resulta a diferença extraordinária por S. Ex.ª apontada; quere dizer: essa diferença reside apenas na actualização da nossa dívida ouro...
O Sr. Morais Carvalho: — Desejava que V. Ex.ª atendesse à forma por que vem discriminada no Orçamento a dívida pública em ouro e em escudos.
V. Ex.ª sabe melhor do que eu que no Brasil, onde a diferença é muito grande, há dois orçamentos: um em réis e outro em escudos.
Eu já não queria que cá houvesse dois orçamentos, mas que se fizesse essa diferença.
O Orador: — Já tive ocasião de reconhecer isso, e como sempre costumo falar com toda a lealdade, vejo a necessidade de discriminar essas verbas por outra forma para que no espírito de qualquer pessoa não se forme a dúvida que se forma no espírito do V. Ex.ª
No fim, se V. Ex.ª se dêsse ao trabalho, encontraria os elementos precisos para o elucidar.
Creio ter respondido a todas as considerações, e tenho a pedir desculpa de não ser tam preciso como era necessário, mas, passado tanto tempo, era difícil ter na minha mente as palavras dos oradores, assim como não significa o mais pequeno desprimor, mas sim um preceito regimental, o Ministro falar só uma vez.
Na especialidade, se fôr necessário, eu serei, mais completo.
Tenho dito.
Apoiados.
O discurso será publicado na íntegra quando forem devolvidas, revistas, as respectivas notas taquigráficas.
Vozes: — Muito bem.
O Sr. Presidente: — Está esgotada a inscrição.
Vão votar-se as moções.
Foi lida na Mesa a moção do Sr. Barros Queiroz.