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Sessão de 11 de Maio de 1923
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros referiu-se indignadamente á reprodução que fizeram alguns jornais portugueses do que os jornais americanos se permitem dizer a respeito duma pretendida cessão ou venda duma colónia portuguesa â Alemanha. Discordo inteiramente dessa indignação.
Ainda bem que há jornais portugueses que estão sempre àlerta e trazem ao conhecimento da Nação aquilo que lá fora se diz, e que, infelizmente, raras vezes é agradável para Portugal.
O jornal americano que ocupou uma das suas páginas com um assunto tam grave, com tantos detalhes o gravuras, é escrito para os americanos lerem. E ou pude constatar pelas declarações feitas pelo Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros — visto que S. Ex.ª confessou lealmente que tinha telegrafado chamando a atenção do nosso Ministro para o assunto — que êsse Ministro não cumpriu o seu dever, desmentindo categoricamente afirmações daquela natureza.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros notou com mágoa que um dos jornais mais importantes que se publicam em. Paris, e que pertence ao Sr. Clemenceau, se fez eco dêsses boatos, pelo que tinha chamado a atenção do nosso Ministro, que se dispensou de o fazer imediatamente.
Sr. Presidente: devo dizer que ninguém mais do que eu admira o Sr. João Chagas. É um homem que há quarenta anos sofreu pela República, foi deportado, e há anos recebeu três tiros pelo seu grande amor à República. Todos lhe prestamos as nossas homenagens e agradecemos êsses serviços, mas êles não podem ser de maneira nenhuma benzina para os seus erros e faltas.
Sr. Presidente: eu visito às vezes a França, leio com muita atenção e interêsse o que os jornais dêsse país dizem de Portugal, e posso assegurar que o meu coração de português tem sangrado muitas vezes por ver publicadas nesses jornais cousas abomináveis em relação a Portugal, sem que imediatamente a legação faça o necessário desmentido. Sucede ainda outras vezes, como, por exemplo, o ano passado, o Excelsior publicar um mapa sôbre os sacrifícios de dinheiro e vidas que os aliados fizeram durante a guerra, e o nome de Portugal não figurava lá, por isso que não tinham os elementos necessários. Apesar disto, a legação não se apressou a fazer a devida rectificação.
Foram alguns portugueses que, se encontrando em Paris, notaram essa falta do referido jornal, cujo director se apressou a apresentar as suas desculpas, alegando que a legação não lhe havia prestado os dados necessários.
Ainda há pouco tempo o Temps publicava uma estatística muito interessante acêrca dos mutilados da guerra, dos países aliados, e Portugal não figurava nela, porque a legação não se ocupara do assunto.
Recentemente, Sr. Presidente, também um jornal publicou uma outra estatística sôbre as perdas de navios sofridas pelos aliados, país por país e ano por ano, e Portugal não figurava lá.
Também há pouco tempo um dos jornais mais importantes publicava a notícia de que a frota mercante portuguesa ia ser vendida ao Sr. Stinnes, o que motivou que a questão fôsse imediatamente tratada no Parlamento inglês.
Igualmente, por parte da legação, não houve rectificação nenhuma quando, a propósito e na ocasião do 19 de Outubro, apareceu na imprensa francesa a notícia dizendo que estava implantada em Portugal a república bolchevista, sendo presidente um carteiro.
Mas. Sr. Presidente, o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o Sr. João Chagas tinha a opinião de que não devia responder a estas cousas.
Sr. Presidente: o Sr. João Chagas não tem o direito de ter esta opinião. É um funcionário a quem o País paga para estar sempre vigilante e procurar por todos os meios colocar bem alto o nome do país que representa.
Ultimamente, na Sociedade das Nações, na última sessão, em que Portugal foi, por assim dizer, expulso, um grande político da França, o Sr. Juvenal, num discurso, falando dos sacrifícios dos aliados e apontando cada um dos representantes dos outros países, passou por cima do de Portugal, não lhe fazendo nenhuma referência.
Razão tinha eu para a minha moção, para que os nossos representantes des-