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Sessão de 11 de Maio de 1923
cultura, pelo seu espírito de extraordinária tolerância e que é no movimento republicano de Portugal uma figura que encaminha a sua acção num puro ambiente de ideólogo.
Por isso tem sido por vezes vítima de perseguições injustas.
Mas nem por isso se tem desviado por momentos duma alta linha de conduta, de princípios e ideas absolutamente justas, incapaz do intolerância dos direitos de quem quer que seja.
Bastava a comissão ter à sua frente essa gentilíssima figura de propagandista, para que tivesse merecido de parte do Sr. Cancela de Abreu, ao apreciá-la; um pouco mais de consideração e respeito.
Entendemos nomear a comissão a que S. Ex.ª se referiu, para praticar um acto que há muito vinha a ser devido à memória da grande figura histórica do Marquês de Pombal.
Não quero acompanhar S. Ex.ª na rápida apreciação que fez das qualidades do grande Marquês de Pombal, porque sou daqueles que imaginam que as figuras históricas representativas, como esta, pela sua altura e pelo colossal da sua acção, perdem todas as particularidades que porventura possam deminuir o seu valor, porque os resultados da sua acção são de tal maneira que se impõem ao respeito de todos.
E neste mesmo respeito comunga o próprio Sr. Cancela de Abreu.
Constituímos a comissão daquela maneira, sem nenhuma preocupação de carácter partidário.
Ao contrário de quanto disse o Sr. Cancela de Abreu, não se trata de uma comissão nem anti-católica, nem católica.
Trata-se dum acto de justiça, a que foram chamadas diversas pessoas sem nenhuma espécie de preocupação confissional, repito, nem carácter político.
Assim mesmo o compreenderam os próprios membros da família do grande Marquês e seus mais directos representantes, que foram os primeiros a aquiescer à manifestação que se propunha.
Desejavam apenas que, tendo sido católico o grande Marquês, a trasladação se fizesse segundo os termos da religião católica.
E tam pouco intolerantes fomos no ponto de vista confissional, que aquiesce-mos a êsse desejo, tendo deixado à família do grande Marquês a liberdade de regular em matéria religiosa a trasladação.
Êste princípio faz invalidar todas as afirmações do Sr. Cancela de Abreu, e desmente toda a tentativa de particularismo, que se quere dar a êste acto.
Manifesta um alto sentimento de tolerância, que infelizmente não podemos reconhecer nas palavras pronunciadas hoje nesta Câmara a êste propósito.
Sr. Presidente: é costume, vemos todos os dias pessoas que nos parecem empenhadas na defesa de tolerância serem as que muitas vezes menos respeitam as ideas dos outros.
Chamou S. Ex.ª ilegal à minha portaria, mas S. Ex.ª as afirmações que fez não as fundamentou, e como S. Ex.ª é um jurisconsulto e não teve argumentos para a combater, podia dispensar-me de as rebater, visto elas não se basearem em documentos jurídicos.
Trata-se de uma manifestação de alto propósito educativo para mostrar à nova geração o que valeu essa grande figura da nossa raça; foi por essa razão que o Ministério da Instrução foi encarregado dessa trasladação.
É preciso que a grande figura do Marquês de Pombal avulte na sua altura.
Creio ter respondido às observações do Sr. Cancela de Abreu, pois S. Ex.ª foi tam pobre na sua argumentação, revestiu uma simplicidade tal que eu poderia dispensar-me de responder.
O orador não reviu.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Não posso concordar com as declarações do Sr. Ministro da Instrução.
O que se vai fazer é absolutamente condenável.
Entendo que as homenagens ao grande Marquês devem ser prestadas pela Nação e não pela maçonaria.
Eu reconheço qualidades no Sr. Magalhães de Lima, mas do que ninguém pode duvidar, é de que S. Ex.ª é o grão-mestre da Maçonaria Portuguesa, e por êste motivo foi eleito presidente da comissão encarregada de trasladar os ossos de Pombal, fazendo parte dela outros conhecidos maçons.
O ponto de vista do Sr. Ministro da