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Diário da Câmara dos Deputados
que não há-de querer que cruzem os braços, os inúmeros operários empregados no mesmo arsenal, nem tam pouco que se conservem «imobilizadas as ferramentas.
Tenho dito.
O orador não reviu, nem o Sr. Carlos Pereira fez a revisão do seu àparte.
Não houve discussão sôbre os capítulos 5.º, 6.º e 7.º
Entra em discussão o capitulo 8.º
O Sr. Mariano Martins: — Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa uma proposta de eliminação das palavras «27:000 £» que ficam a seguir às «pólvora sem fumo".
O orador não reviu.
O Sr. Agatão Lança: — Sr. Presidente: o capítulo 8.º é um daqueles que merecem especial atenção, e lamentável é que fôsse aqui lançada a nota do pouco interêsse quando da discussão dum assunto desta ordem.
Referiram-se os representantes monárquicos nesta Câmara às deficiências de verba para material de guerra e naval.
A nós, oficiais, sargentos o marinheiros da República, mais do que a ninguém, confrange o facto de o Govêrno reduzir o nosso material de guerra e naval a proporções tam deminutas, tam insignificantes.
Somos nós, Sr. Presidente; que sentimos com dor e por vezes com vexame essas deficiências de material de guerra e de material naval; e essa deficiente verba fixada no orçamento levou-nos a não podermos ter feito a reconstrução dêsse material naval.
Sr. Presidente: é por isso que em determinadas acções de guerra, em que os nossos navios tiveram de entrar em condições aflitivas em face de inimigos da Pátria, e por outras vezes em faço de inimigos da, República, vimos êsse material de guerra negar-se a fazer fogo, vimos cartuchos e granadas que, por terem pólvora velha e antiquada, já não estavam em condições de com êles nos podermos defender.
Sr. Presidente: nunca da minha memória se apagará o desespero que nós sentimos uma vez a bordo de um dos navios que se destinava à defesa das costas portuguesas das investidas de submarinos, quando a bordo dum dos navios, que também tinha a missão altruísta de defender os arrojados pescadores portugueses da& investidas dos submarinos alemães, aí pelo mês de Maio de 1916. Então chocou a. ser de tal maneira encarniçada a sua tática, que êsses arrojados homens do mar, que merecem a minha homenagem, e que devem merecer a homenagem de toda a Câmara, recearam as suas sortidas para o mar. E dizia eu que da minha memória nunca se apagará a impressão dolorosa que senti e os meus camaradas, sentiram quando procurávamos fazer fogo sôbre os submarinos que apareceram à superfície, o passámos pela desilusão e sentimos o desespero dessas granadas não cumprirem o seu dever, devido a deterioração da pólvora.
Também, e não fica mal recordar na Câmara dos Deputados da República e sobretudo neste momento em que está nela quási só o Partido Democrático, que o mesmo sucedeu quando a marinha, de guerra disciplinada e honradamente procurava defender o seu dever, defendendo-o seu Govêrno constitucional e legalmente constituí e atacam as fôrças revoltosas que se tinham ido instalar no Parque Eduardo VII, muitos cios meus camaradas que faziam serviço a bordo sentiram a necessidade de terem de abandonar o seu pôsto de ataque por virtude de a pólvora ser antiquada; e eu, que estava a bordo do navio chefe, e que tive a honra, de receber ordens para fazer fogo, tivesse negativas de tiro seguidas. Foi preciso mudar-me para as peças de castelo, peças de calibre 15, para que êsse navio pudesse cumprir o seu dever, ordenado não só pelo comandante da divisão, mas também pelo Govêrno da República reünido nesse momento no Ministério da Marinha, onde costumam sempre recolher os Ministros quando a República corre horas do amargura, ante as investidas dos inimigos da República contra o seu ideal.
Apoiados.
Mas se estas minhas palavras correspondem à verdade incontestável dos factos, como o provam os apoiados do Sr. Ministro da Marinha, não é menos certo que também correspondem à verdade incontestável de que o nosso material naval é deminuto e deficiente, como o era já quando Portugal entrou na guerra.
E porquê?