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Sessão de 24 de Março de 1924 5

te, continua a olhar indiferentemente para tudo isto, dizendo que está a estudar.

Ora a meu ver, Sr. Presidente, os estudos fazem-se na escola; e eu entendo que os Ministros quando vão para aqueles lugares já devem levar os assuntos devidamente estudados.

Era assim, Sr. Presidente, que eu o faria se tivesse competência para exercer o lugar de Ministro, que não a tenho, nem mesmo para êste que estou ocupando.

O que eu espero é que o Sr. Ministro da Guerra que me está prestando atenção, transmita aos Srs. Ministros as minhas considerações, se fôr possível, no mesmo tem de indignação com que estou falando.

O que é um facto, Sr. Presidente, é que nós não podemos continuar à espera de que o Govêrno estude os assuntos, pois, até lá podemos morrer de fome.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Sr. Presidente: devia dizer ao Sr.Tavares de Carvalho que não correndo os assuntos, para que S. Exa. chamou a atenção do Govêrno, pela minha pasta, arei transmiti-los o mais rigorosamente possível aos Ministros que têm de intervir nessas questões. No emtanto permita-me V. Exa. que lhe diga que pena é que não tivessem escolhido para fazer parte do Govêrno pessoas como o Sr. Tavares de Carvalho que se julga com competência para isso.

O Sr. Tavares de Carvalho (interrompendo): — Peço desculpa a V. Exa. mas eu declarei muito claramente que me não julgava com competência para ser Ministro, nem mesmo até para bem ocupar o lugar que ocupo.

Felizmente conheço-me; porém o que não podemos é continuar neste estado de cousas, pois, a verdade é que temos fome.

O Orador: — Eu devo dizer a V. Exa. que relativamente à minha pasta tenho de facto assuntos que carecem de apreciação para os resolver V. Exa. porém referiu-se a assuntos que correm por outras pastas para os quais mostrou ter competência, e assim, natural é que eu

diga que pena é que não tivessem sido escolhidos para o Govêrno homens como o Sr. Tavares de Carvalho.

O Sr. Tavares de Carvalho (interrompendo): — A Câmara ouviu-me bem dizer, que não me julgava com Competência para tal.

Felizmente sei bem o que sou e o que valho.

Porém o que 6 um facto é que o Govêrno até hoje nada tem feito, passando o tempo todo em estudos, o que não pode ser pois, deve ter um pouco mais de atenção para com o povo que na verdade está a morrer de fome.

O Orador: — Sr. Presidente: eu tenho o hábito de ser sereno e calmo; e assim vou dizer o que tenho a dizer em resposta ao Sr. Tavares de Carvalho, sejam quais forem as interrupções que S. Exa. me faça.

Eu concordo com as considerações, e acho que S. Exa. está indicado para estar nestes lugares, visto saber a forma de se resolver o problema.

O que não posso aceitar é que S. Exa. diga que o Govêrno não trata insistentemente do assunto e que se limita a estudar. Direi a S. Exa. que só um génio é que poderia vir para o Govêrno sabendo tudo o que havia de fazer.

Diz S. Exa. que os clubs concorrem muito para o encarecimento da vida e que os Governos têm medo das revoluções. Ora os clubs são freqüentados por um número limitado de pessoas, embora sejam de má nota; e isso não pode influir de modo sensível na carestia da vida.

Eu acho óptima a atitude de S. Exa. reclamando uma acção mais enérgica do Govêrno, já para efeitos pessoais e políticos...

O Sr. Tavares de Carvalho: — Para efeitos políticos não!

O Orador: — S. Exa. certamente quererá mostrar aos seus eleitores que fiscaliza a acção do Govêrno, em benefício do Estado.

Eu vou transmitir fielmente aos meus colegas as considerações de S. Exa.

O orador não reviu.