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Sessão de 12 de Maio de 1924 21

dessa medida. Por isso digo que êste debate vai prolongado demais.

Não se compreende que um debate acerca da acção financeira do Govêrno se arraste há quási um mês.

Na verdade, uma Câmara que queira criticar a obra financeira do Govêrno e dar a êste um destino, pode fazê-lo em 24 horas, quando muito em 48 horas.

Já aqui o disse — e é verdade — isto de arrastar discussões não é criticar a obra do Govêrno.

Não é cousa nenhuma, senão sabotar a República;

O Sr. Lino Neto (interrompendo): — Eu nunca pretendi sabotar a República.

Também não quis com as minhas afirmações atacar o Govêrno.

Eu só tive o intuito de demonstrar que o Govêrno não tinha a solidariedade nos seus planos da maioria da Câmara.

Não acusei o Govêrno de inacção.

O Orador: — Até hoje não tenho sentido por parte da maioria, e, referindo-me à maioria absoluta, quero dizer a maioria constituída pelos Deputados independentes, pelos Deputados da Acção Republicana e pelos Deputados da maioria democrática, não tenho sentido da p arte dessa maioria o menor acto nem tenho ouvido palavras da parte dessa maioria que signifiquem a menor desconfiança no Govêrno.

O Sr. Lino Neto: — Mas não há comunidade de ideas políticas e financeiras.

O Orador: — Evidentemente que da parte dos Deputados da maioria não pode haver o compromisso de fecharem na algibeira as suas opiniões; o que afirmo é que o prolongamento dêste debate a ninguém interessa.

Se realmente há satisfação da parte de V. Exa. em verificar se efectivamente o Govêrno continua a contar com uma maio ria para governar, é melhor apressar a votação.

Isso sim, que interessa a todos.

O Govêrno não pode ter uma acção enérgica e decisiva emquanto estiver em suspenso uma interpelação cujo objectivo já ninguém conhece. Desde a primeira,

vez vejo que aqui se discutiu êsse assunto, se verificou que era um problema discutível e a discutir.

Levantaram-se várias objecções por parte de alguns Srs. Deputados objecções meramente de ordem particular, de ordem especial. Mas tudo isso tem sido longamente dito e repetido, não compreendendo eu o interêsse que isso possa ter para o País.

O Govêrno marcou a sua política. E a propósito da indicação do Sr. Portugal Durão eu disse que o Govêrno era partidário duma política da valorização do escudo porque isso importava a estabilização do escudo.

Afirmo que não há ninguém capaz de fazer a estabilização do escudo, que é um caminho para a sua valorização, nem em dois nem em seis meses.

Como quere a Câmara que medidas votadas há um mês possam produzir um resultado que só é eficaz quando passado um tempo longo sôbre a execução dessas medidas?

Se efectivamente a situação que êste Govêrno herdou foi, sob o ponto de vista das suas receitas, no que diz respeito a escudos ou a ouro, verdadeiramente difícil, eu terei muito prazer em entregar ao meu sucessor uma situação absolutamente diferente.

Mas como é que V. Exas. querem, apesar dessa situação melhor, que se traduza eficazmente numa imediata melhoria de câmbio?

O Govêrno, ou melhor, o Ministro das Finanças, com as palavras que pronuncia não quere desviar o voto da Câmara, não quere desviar a sua atenção, mas entende que êsse voto deve ser dado o mais ràpidamente possível.

É preciso tranqüilizar o País, é preciso dizer-lhe ràpidamente se êste Govêrno convém ou não convém. E se não convém, que se organize outro com a falada união dos republicanos; mas, é preciso que o Parlamento resolva ràpidamente.

Eu tenho a convicção plena de que êste Govêrno, apesar da situação em que parto da Câmara o quere colocar, tem meios para realizar a obra que se impôs, esperando que a Câmara vote, por sua parte, aquilo que a si própria se impôs de votar, as medidas que se torna necessário votar até ao fim do ano económico,