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Sessão de 12 de Maio de 1924 19

ram sôbre as questões financeiras que têm sido tratadas.

Toda a Câmara viu que o Govêrno não corresponde à política financeira.

Assim o tem demonstrado a maioria e os financeiros que nesta Câmara têm assento.

Eu não ataco o Sr. Presidente do Ministério pessoalmente, pois sempre tenho rendido homenagem às suas qualidades; mas significo-lhe que não tem aquelas qualidades sociais que neste momento se impõe a um estadista.

Afirmei que nós vivemos desde 1920 com um déficit crónico, com excepção dos períodos de 1836, 1891 e 1913; por isso me custa que todos os dias se esteja a dizer que a culpa é dêste ou daquele.

A culpa é de nós todos, de todos os partidos, de todos os regimes.

Então, se assim é, para que havemos de estar com retaliações?

A culpa é da nossa geração!

O País está mal; e é preciso dar-lhe remédio, é preciso acudir-lhe.

A minha moção não vem enfraquecer o Govêrno; antes pelo contrário; essa moção vem mostrar que os homens da maioria têm confiança no Govêrno para êle governar à altura das necessidades do País, mostrando ao mesmo tempo que é necessário que se determine uma corrente de ideas financeiras para bem do País.

Sr. Presidente: o Sr. Presidente do Ministério, o Sr. Álvaro de Castro, respondendo aos ilustres Deputados Srs. Barros Queiroz e Portugal Durão, teve ocasião de dizer que o País necessita dum conjunto de reformas.

É realmente necessária, Sr. Presidente, a realização dum conjunto de medidas; mas onde está êsse conjunto de medidas por parte da maioria desta Câmara?

Não as vejo, se bem que entendo que bom será que elas venham e quanto antes; pois, de contrário, poderá muito bem ser que elas não venham a tempo de puder salvar a situação em que nos encontramos e que nos poderá trazer dias muito amargos.

Invoque V. Exa., na sua qualidade de Presidente do Govêrno, a Providência, a exemplo dessas individualidades que formaram o Conselho Supremo do Império Inglês realizado em Londres depois do armistício.

Invoque V. Exa., na sua qualidade de Presidente do Ministério, á Providência, a exemplo dos Estados Unidos do Norte.

Desta forma cumprirá o seu dever; e Portugal continuará gloriosamente as suas tradições.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, quando o orador haja revisto as notas taquigráficas.

O Sr. Presidente: — Vai ler-se a moção enviada para a Mesa pelo Sr. Lino Neto.

Foi lida, admitida e posta em discussão.

O Sr. Almeida Ribeiro: — Sr. Presidente: em primeiro lugar cumpre-me agradecer ao Sr. Lino Neto as palavras que me dirigiu.

Devo dizer a V. Exa. que efectivamente falei sôbre o assunto em 'discussão exprimindo assim o sentir dêste lado da Câmara e a sua confiança na acção governativa do Govêrno.

Falei em nome dêste lado da Câmara e bem assim em meu nome pessoal, manifestando assim o meu desagrado pela política financeira que se vem seguindo desde 1918.

Referindo-me, também, à necessidade do fazer uma política financeira de modo a dar a todo o País a certeza de que queremos salvar o Estado da situação precária em que êle só debate, repeti as considerações que já aqui tinha produzido, sem recorrer a discursos prolongados e sem fazer ostentação de sabor, ou de qualidades que não possuo nem pretendo possuir.

Foi isto o que ou disse, em meu nome pessoal.

E nas palavras que proferi não traduzi a menor sombra de desconfiança na acção governativa dêste Ministério, porque ela merece, de facto, a aprovação de toda a Câmara.

Sr. Presidente: o motivo principal do meu pedido da palavra para explicações foi o de ter ouvido o Sr. Lino Neto, referindo-se ao Sr. Velhinho Correia, declarar que ele estava cingido a uma moção do seu partido.

Sr. Presidente: fui eu, num debate que aqui se suscitou nos últimos dias em que