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Sessão de 3 de Junho de 1924 5

Londres do Sr. Norton de Matos, para então resolver definitivamente sôbre o assunto.

O Sr. Tavares de Carvalho: — V. Exa. não pode ficar agora à espera de quem já não é Alto Comissário, nom a situação suporta mais delongas.

O Orador: — Eis, Sr. Presidente, o que tenho a dizer em resposta às considerações que fez o Sr. Tavares de Carvalho.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Sr. Presidente: pedi a palavra para esclarecer a Câmara sôbre os acontecimentos ultimamente produzidos em Lisboa.

Depois da sessão da tarde de ontem, os aviadores iniciaram démarches junto de várias unidades para que elas os acompanhassem no seu acto de indisciplina.

De noite, o Sr. Ministro da Guerra, recebeu por intermédio do telefone uma comunicação, enviada pelos oficiais da Amadora a todas as unidades da guarnição de Lisboa, a qual foi interceptada 'e imediatamente comunicada ao comandante da divisão.

Leu.

O Govêrno, Sr. Presidente, tinha já informações detalhadas de que o movimento se preparava, o que aliás foi confirmado pelas palavras proferidas ontem nesta Câmara por dois colegas nossos, que sendo Deputados são ao mesmo tempo aviadores.

O Sr. Ministro da Guerra tomou as providências que o caso requere, mantendo a disciplina que é absolutamente necessário manter dentro do exército.

Desejando a Govêrno adoptar todos os meios necessários com oficiais que pelos seus serviços, pelo seu passado, são dignos de deferência, determinou, por intermédio do Sr. Ministro da Guerra, que o coronel Sr. Morais Sarmento se dirigisse à esquadrilha da Amadora, e à Quinta da Granja.

Tendo o Sr. Morais Sarmento comparecido, segundo a ordem que recebeu, naqueles pontos, obtove dos oficiais a declaração de que julgavam inconstitucional o decreto do Govêrno e que não o acatariam, sujeitando-se a todas as consequências.

O Sr. Morais Sarmento, dirigiu-se depois ao comandante da divisão comunicando-lhe o que se tinha passado, pelo que o comandante da divisão, autorizado pelo Sr. Ministro da Guerra, pôs em prática uma nova tentativa, indo êle próprio às duas esquadrilhas para conversar com os oficiais comandantes que lá se encontravam; porém, obteve a mesma resposta.

Em face, pois, da constatação de rebeldia em que êles se encontram, o Sr. Ministro da Guerra determinou que o general comandante da divisão reduzisse à obediência aquelas duas unidades.

O Sr. general da divisão determinou então, por intermédio do chefe do estado maior, que os oficiais cuja responsabilidade é maior, pela sua situação de comando, se apresentassem imediatamente no quartel general.

Não posso informar desde já a Câmara do resultado que deu esta ordem; mas estou convencido de que algum bom resultado já terá dado.

Sr. Presidente: o que eu posso garantir à Câmara é que vários contingentes da guarnição de Lisboa estão cercando o campo da Amadora para fazer render os revoltosos, podendo também dizer à Câmara que são absolutamente destituídas de fundamento quaisquer notícias que se tenham espalhado de que as tropas da guarnição não estejam ao lado do Govêrno, pois a verdade é que estão inteiramente disciplinadas e debaixo das ordens do Sr. Ministro da Guerra.

Mais devo dizer à Câmara que os sargentos pertencentes às esquadrilhas se apresentaram já no quartel general, dizendo que apenas faltava um, que, estando de guarda, não quis retirar-se, a fim de não ser dado como desertor, pois não estavam dispostos a acompanhar os actos de indisciplina dos seus superiores.

Vozes: — Muito bem.

O Orador: — O Sr. Ministro da Guerra não está presente por ter necessidade absoluta de estar no seu pôsto para fazer cumprir as determinações do Sr. general comandante da divisão.

Estou absolutamente convencido, Sr. Presidente, que a estas horas já os oficiais aviadores se convenceram do seu êrro e sabem que terão de ser castigados