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4 Diário da Câmara dos Deputados

tas de Víveres, pedindo a discussão das alterações à actual lei do inquilinato.

Para a comissão de legislação civil e comercial.

O Sr. Tavares de Carvalho: — Sr. Presidente: sinto não ver presente o Sr. Ministro da Agricultura para tratar da carestia da vida. Um colega meu nesta Câmara disse que se tinha partido a corda. Não é exacto, porque a vida cada vez está mais insuportável.

Peço a V. Exa. o favor de instar com o Sr. Ministro da Agricultura para vir aqui, à Câmara, porque desejo tratar da carestia da vida.

Um outro assunto: Nuns terrenos do Rêgo existem algumas famílias que vivem miseravelmente numas barracas que elas próprias construíram. O proprietário dos terrenos pede-lhes agora uma grande quantia por metro quadrado. Ora, tendo o Govêrno uma quinta próximo, poderia permitir que essas famílias transferissem para lá as suas barracas, continuando aí a esconder a sua miséria e a curtir as dificuldades da sua vida.

Chamo também a atenção do Govêrno para o que se passa com os fósforos.

Direi a V. Exa. que há falta dêles em muitos pontos e o país e os que há não prestam. Ferem quem deles se serve e são mais caros, sendo os mesmos que os antigos, mas pintados de encarnado. Há um projecto sôbre acendalhas, cuja renovação de iniciativa seria conveniente fazer-se o que já decerto se teria feito se os nossos afazeres no-lo tivessem permitido.

Desejava também saber se já deram entrada nos cofres as libras emprestadas aos Bancos, e se a moagem já pagou ao Estado, bem como a Companhia dos Tabacos.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): —
Respondendo ao Sr. Tavares de Carvalho, declaro que transmitirei ao Sr. Ministro
da Agricultura os desejos de S. Exa.

Sôbre as casas do Rêgo, comunicarei ao Sr. Ministro do Trabalho as considerações de S. Exa.

Quanto aos fósforos, chamarei a atenção do comissário junto da Companhia dos Fósforos.

Já tive ocasião de dizer que os processos referentes à questão das libras já tinham sido enviados ao Sr. Ministro da Justiça. Quanto aos tabacos, não posso informar S. Exa.

O orador não reviu.

Foi aprovado que a Sr. Jaime de Sousa tratasse em negócio urgente da questão dos aviadores.

O Sr. Jaime de Sousa: — Sr. Presidente: é do conhecimento de V. Exa. e da Câmara, e conhece o país inteiro, o facto extraordinário da chegada a Macau dos ilustres aviadores Brito Pais e Sarmento de Beires, que em condições tam difíceis, sob o ponto de vista material, chegaram a terras nossas no Oriente, demonstrando a sua audácia e habilidade.

Há quarenta e oito horas que Portugal inteiro vibra de entusiasmo por êsse rasgo de audácia.

O nosso coração de portugueses regista mais uma vez as energias duma raça.

Apoiados.

Não é menos certo que os gloriosos aviadores Brito Pais e Sarmento Beires demonstraram ao mundo, atónito, como, com rasgos de audácia e golpes de energia se consegue bater todos os records, dispondo de elementos inferiores e com material, por assim dizer, improvisado. Cheios de energia e fé, porque a energia e a fé são os elementos primordiais que acompanham o génio nos grandes empreendimentos, os aviadores acabam de dar ao país um formidável e sugestivo exemplo.

Oxalá, Sr. Presidente, que êsse exemplo frutifique, e que nós, inspirados nesse feito brilhante, consigamos arrepiar caminho e mudar de processos, consigamos esquecer todos êstes dissídios que ultimamente têm avassalado a sociedade portuguesa com a feição de combates pessoais inglórios, de derrotismo permanente contra homens e situações, numa fúria louca de tudo desfazer e destruir. É preciso que, inspirados nesse exemplo grandioso, os portugueses se convençam de que é lima obra construtiva que começa e que é preciso acabar de pronto com essa atmosfera de derrotismo e desânimo que avassala a sociedade portuguesa.

Sr. Presidente: atravessamos uma fase da vida nacional em que sinais evidentes