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20 Diário da Câmara dos Deputados

adversários do Govêrno têm recursos, capacidade e inteligência suficientes para debaterem os problemas que a Nação precisa do resolver inadiàvelmente, os grandes problemas que hoje posam como a espada de Damocles sôbre a Nação; problemas que exigem resoluções imediatas, porque suponho que a sorte dos povos estará julgada num curto espaço do tempo, sendo necessário, por isso, que os povos trabalhem.

E então, que na discussão dêsses problemas se abra a clara luz das cores políticas.

Mas, num tam pequeno episódio, acho salsa demais para tam pequeno peixe.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e, interino, da Marinha (José Domingues dos Santos): - Sr. Presidente : como Deputado, que também sou o há já largos anos, sem que nunca da minha boca aqui tivesse saído uma palavra menos digna desta assemblea, sem que nunca da minha parte tivesse partido uma atitude menos digna desta assemblea, eu devo dizer a V. Exa. e à Câmara que, só na verdade eu não tivesse sôbre os meus nervos um domínio absoluto, estaria neste momento seriamente embaraçado para responder ao que se tem dito.

Se, na verdade, eu não tivesse sôbre os meus nervos um domínio absoluto, estaria neste momento seriamente embaraçado.

Sr. Presidente: nestes largos anos duma vida parlamentar intensa, que tenho tido, muitas vezes - tantas que nem já lhes não sei a conta - eu tenho assistido a episódios e a desordens perfeitamente idênticos àqueles que hoje aqui se produziram; uma cousa apenas é inédita desde que sou Deputado - o que se atribuíam as responsabilidades do que se passou nas galerias aos homens que ocupam as cadeiras do Poder.

Que responsabilizem o chefe do Govêrno e Ministro do Interior pelas desordens que lá fora se fazem, quando êle as não saiba ou não queira reprimir, admito perfeitamente; mas que se queira responsabilizar o chefe do Govêrno e Ministro do Interior pelas desordens que se produzem aqui dentro, quando a ordem aqui lho não está confiada, mas à Presidência da Câmara, isso é que ou não posso compreender.

Sr. Presidente: eu cheguei ontem a altas horas da noite a Lisboa, tendo ido acompanhar ao norte o Sr. Presidente da República; o durante toda esta semana que passou tais o tam absorventes foram as minhas ocupações que eu nem pouco tempo tive sequer para cuidar do problema político.

Fui surpreendido agora pelo facto do Sr. Cunha Leal acusar o Govêrno de não ter mandado prender os homens que lhe distribuíram um papel.

Não sei de que papel se trata; mas se êsse papel a que S. Exa. se referiu atinge a sua honra, sou o primeiro a protestar também contra quem de tais processos usa.

Certamente que o Sr. Cunha Leal não quero atribuir a responsabilidade dos insultos que lhe dirigem à pessoa do Presidente do Ministério e Ministro do Interior, como o Presidente do Ministério o Ministro do Interior não quere atribuir ao Sr. Cunha Leal ou a quem quer que seja do Parlamento a responsabilidade das injúrias que diariamente recebe também.

Só eu trouxesse à Câmara dos Deputados as cartas ameaçadoras o injuriosas que todos os dias recebo, com certeza que V. Exa. aâ teriam também justa razão para se indignarem; mas eu, que não sou homem que ando pela primeira vez na política, sei bom o que do importância devo ligar a tais papéis, para que dalguma maneira êles possam perturbar-me um momento sequer na marcha dos acontecimentos, o na sequência das minhas atitudes.

Tracei o caminho que entendi dever seguir, e dêsse caminho não saio, nem perante manifestações desordeiras de lá fora, nem perante manifestações desordeiras de cá de dentro.

Há só uma maneira de me mandarem embora: é a Câmara aprovar um voto de desconfiança ao Govêrno.

Doutra forma, eu, que aqui estou convencido de que realizo uma obra necessária para a vida da República, aqui mo conservarei, lutando até o fim, dentro dos meios que me faculta a Constituição,