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Sessão de 2 de Fevereiro de 1925 19

Cunha Leal, pessoa que eu muito considero e que muitas vezes tenho procurado prestigiar.

As minhas palavras, portanto, como não podiam deixar de ser, interpretando o sentir do grupo de parlamentares que formam o bloco que apoia o Govêrno, são de protesto contra o que acaba de se passar.

Mas, também, não é legítimo dizer-se que o Govêrno tem estado apoiado por um grupo de bandidos.

Têm-no apoiado o maior Partido da República, que é o Partido Republicano Português e o Grupo de Acção Republicana.

Até agora, o Partido Republicano Português tem demonstrado ao Govêrno as suas simpatias e o seu aplauso pela obra realizada e pelo que pretende lazer.

Não tenho nenhuns motivos para supor o contrário.

Se eu estivesse convencido, se o Grupo de Acção Republicana pudesse ser convencido, por factos, por provas aqui feitas, de que a responsabilidade das manifestações hoje produzidas era do Govêrno, o Grupo de Acção Republicana imediatamente lhe retirava o seu apoio, retirando os Ministros que tem no actual Gabinete, não hesitando, um segundo sequer, sem necessidade de conversações preliminares com o Grupo Parlamentar Democrático, ao qual, sendo o mais numeroso, deve caber a iniciativa da abertura de uma crise que se haveria de resolver.

O Grupo de Acção Republicana, se o debate recair sôbre êste assunto, como parece dever recair, visto a responsabilidade do ocorrido ser imputada ao Govêrno, pautará a sua atitude e o seu voto conforme as provas que aqui forem produzidas.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Pina de Morais (para explicações): - Sr. Presidente: creio que o respeito que cada um de nós tem por si e pelas instituições parlamentares, que o respeito que devemos ao País, que o respeito que devemos às nossas inteligências e aos nossos caracteres, creio que toda esta série de palavras "respeito", que eu classifiquei e adjectivei, seria suficiente para que todos lamentássemos o episódio que se deu esta tarde.

Não haverá distinção na reprovação completa e absoluta do que aqui se passou.

O meu protesto é o maior, o mais profundo que eu posso sentir e, Sr. Presidente, protesto igual é para todos os meus camaradas que dentro desta casa apreciam um episódio que não tem as proporções que lhe querem atribuir, porque, num país meridional, onde a febre actua sôbre os nervos, onde a política toma feições pessoalistas e individualistas perigosas, não é nada de estranhar que êsses acontecimentos se tivessem produzido.

O Sr. Agatão Lança: - Não apoiado! Acho lamentável que V. Exa. que é um soldado, não estranhe o que aqui se deu.

O Orador: - Eu lancei o meu mais veemente protesto contra aquilo que se deu. Não o admito.

Em qualquer situação, eu, cumpridor dos meus deveres de cidadão, de Deputado e de soldado, nunca deixei transgredir a disciplina, - e sou um homem que tem tido sôbre os seus ombros grandes responsabilidades. O que eu não estranho é que um popular grite uma palavra!

V. Exa., Sr. Agatão Lança, parece que quis torcer as minhas palavras; não me presto a isso. Olho sempre a direito e sei sempre o que digo.

Mas seguia eu no caminho de dizer que igual protesto fazia contra o facto de se querer pegar neste episódio e dele se fazer uma questão política. Não se queira fazer um auto de corpo de delito desta sorte.

Indague-se de outra forma, mas não se lance a aleivosia sôbre ninguém, de que se prepara, seja o que fôr, a favor do Govêrno.

Sabe V. Exa. e a Câmara sabe que o Govêrno se apresentou com desassombro, e que com desassombro continua a viver. Não é um mero episódio de galeria que pode perturbar a sua vida. Acho que não é de uma absoluta lealdade política segurar êste caso pelos cabelos para prejudicar aqueles que se sentam naquelas cadeiras.

Faça-se uma luta política aberta, e os