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Sessão de 2 de Fevereiro de 1925 21

pregando aqui o lá fora, procurando estabelecer a opinião de que, na verdade, a obra dêste Govêrno é indispensável para a vida da República, mais do que para a vida do Govêrno.

Há aqui uma luta de ideas; essa luta terá de ir até o fim, quer o Govêrno aqui se encontre, quer o Govêrno daqui saia.

Quando sair daqui, tenho além o meu lugar de Deputado, para continuar lutando; e quando me fechassem as portas do Parlamento, tinha a praça pública, para continuar lutando pelo triunfo de uma idea.

Sr. Presidente: estas afirmações, que neste momento quero fazer, com a serenidade que sempre costumo pôr nas minhas atitudes - pois o homem que tem por si a razão e a justiça tem sempre fácil forma do estar sereno - essas atitudes são bem claras, para que todos as possam entender.

Já está sôbre a Mesa uma moção de desconfiança ao Govêrno.

Vai votar-se, novamente, se o Govêrno deve sair destas cadeiras; mas o Govêrno, que não tome as borrascas, não as evita nem transige.

O Govêrno ou fica ou cai. Esta atitude, tem-na os homens que não devem nem temem.

Sr. Presidente: não me rebaixo à atitude de dizer que não tive cumplicidade alguma, que não ordenei nem tive qualquer interferência no que aqui se passou. Seria indigno de mim.

Quero, apenas, afirmar mais uma vez que, sejam quais forem os acontecimentos, sejam quais forem as atitudes de futuro, podem V. Exas. ter como certo isto: é que a luta de ideas que encetei não terminará.

Há uma forma fácil de nos entendermos: é respeitarmo-nos uns aos outros. Peço para mim, exijo para o Govêrno, aquele respeito que nós temos pelos outros.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Lino Neto: - Sr. Presidente: sinto e lamento vivamente os factos que hoje nesta Câmara ocorreram; e, por êste motivo, a minoria católica lavra o seu veemente protesto contra êles, afirmando

V. Exa., Sr. Presidente, que por parte dêste lado da Câmara terá V. Exa. a fôrça necessária para manter o prestígio do Parlamento.

Sr. Presidente: é necessário que esta Câmara, a primeira assembea política do país, do um exemplo grande do ordem, que é a única base do uma marcha regular para a vida do País.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente: pedi a palavra na altura em que o Sr. Álvaro de Castro, a quem eu quero prestar a minha, homenagem, porque nunca lhe ouvi proferir injúrias contra ninguém, dizia que eu tinha sido de certa maneira injusto, quando afirmara que o Govêrno estava apoiado exclusivamente sôbre um bando do bandidos, e que êle, pelo contrário, entendia que o Govêrno cumpria a sua obrigação constitucional apoiado por uma maioria, formada em bloco, por elementos diversos.

Evidentemente que eu não quero deixar no espírito da Câmara a impressão de que acusei de bandidos os Deputados que têm apoiado o Govêrno.

Seria uma injúria fácil e imprópria de mim.

O Sr. Álvaro de Castro (interrompendo): - Eu não considerei nunca que V. Exa. dirigisse essas palavras aos Deputados.

O Orador: - Mas eu gosto de falar muito claro.

Desde o momento que o Govêrno tivesse os processos normais de viver, não precisava nem devia consentir as violências e truculências de alguns bandidos.

Se não tivesse pedido a palavra, Sr. Presidente, quando o ilustre Deputado Sr. Álvaro de Castro falou, tê-lo-ia feito quando o meu ilustre companheiro da Escola do Exército, e companheiro no campo de Flandres, o Sr. Pina de Morais falou, para lhe dizer que o desconheço, pois a verdade é que S. Exa. hoje é mais político que os próprios políticos.

Sei muito bem que vivemos na verdade num país meridional, conforme disse o Sr. Pina de Morais, e é justamente por isso que