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16 Diário da Câmara dos Deputados

Suspeitou-se do que nós viríamos transformar a Câmara dos Deputados num largo campo do batalha, porque tínhamos prometido, em nome dos princípios e da salvação da República, não deixarmos aprovar quaisquer medidas emwuanto permanecesse nas cadeiras do poder um Govêrno que, pelos seus actos, cada vez mais, demonstra não dever estar ali.

Sucede porém que os empresários desta casa não viam bem as cousas com olhos de inteligência.

Não sabem que, dentro do Regimento, há muitos recursos para fazer sobrepor á vontade da Nação à vontade do quaisquer déspotas.

Apoiados da direita.

E então aconteceu que da parto. da. minoria nacionalista falou hoje com toda a sua serenidade, tem toda a dignidade que lhe é peculiar e conhecimentos profundos, o meu querido amigo Sr. Vicente Ferreira.

Apoiados.

Havia uma ordem para vexar os Deputados para os levar pela coacção do medo a todas as transigencias, as mais miseráveis, para com a Govêrno.

A scena estava bem ensaiada, mas faltava o pretexto; e os actores fizeram cair sôbre a cabeça do Sr. Presidente do Ministério o vexame dos seus aplausos e sôbre nós a glória das suas vaias!

Muitos apoiados.

E porquê?

Porque era preciso vexar e aplaudir!

Ainda todos nós nos lembramos dos velhos tempos das manifestações à Sérvia; e um espirituoso colega disse há pouco que desta vez a incumbência foi feita aos croatas, porque o tinham feito pôr uma miserável coroa!

Nós, os republicanos de sempre, acusados de vendidos aos Bancos!

Ah! miseráveis homens, cuja honra é tam baixa que se regozijam em insultar os homens honrados!

Onde estão as medidas do Govêrno para evitar a scena e castigar quem neste papelucho, que tenha na mão, insultou os homens honrados da República?

O orador rasga um impresso que tem nas mãos.

Sussurro nas galerias.

O Sr. Presidente: - Previno as galerias que ao menor indício de quererem intervir nos trabalhos desta Câmara, as mando evacuar.

Vozes: - Isso é pouco!

O Orador: - Eu não sou homem que fuja, nem deixe de seguir em linha recta o caminho que trouxer traçado!

Jamais me deixei coagir pelo medo, nem pela mais miserável das coacções dos sicários que ainda querem fazer um novo 19 de Outubro.

Apoiados!

Sejamos, ou não vítima, eu saio daqui tranquilo e vou para minha capa sem receio dos "croatas". E à violência havemos de responder com a violência!

Tenho dito.

Muitos apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: êste lado da Câmara protesta indignadamente contra o que aqui se passou, e contra o que lá fora se escreveu, marcando esta intervenção das galerias a horas precisas.

Num jornal fazia-se a apologia da revolução, dizendo-se aos operários que pagassem em armas para a defesa do seu pão.

Sou adversário intransigente de quási todos os Srs. Deputados, mas tenho sempre distinguido o respeito que devo aos homens.

Distingo a moral política da moral individual, mas há casos em que a moralidade pessoal está ligada à moral política.

Apoiados.

Nos últimos anos tem havido verdadeiros atentados, tem havido assassinatos.

Como homem do honra e respeitador da honra alheia, eu protesto energicamente contra o que aqui se passou. E o Govêrno não pode mais ficar naquelas cadeiras.

Apoiados e não apoiados.

A continuar ali, seria um opróbrio para o Parlamento e pessoalmente para cada um de nós.

Apoiados e não apoiados.

Vários àpartes.

O Sr. Tavares de Carvalho: - Manda o Deputado Sr. Carvalho da Silva.