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Sessão de 5 de fevereiro de 1925 5

economia do País sofrerá gravemente, estando-nos reservados dias bem tristes.

Há muito tempo o Sr. Ministro do Comercio prometeu trazer à Câmara um célebre relatório acerca da maneira como pretende resolver o magno problema das estradas, mas até hoje ainda não chegou o cansado relatório.

Emquanto o relatório não chega - e parece-me que nunca chegará! - não se sabendo como o Sr. Ministro resolverá o problema das estradas, recebo informações de que as verbas são gastas em fazer política mesquinha, despendendo-se em estradas do compadrio, sem utilidade pública imediata.

E disso se aqui, há cêrca de um ano, que o problema das estradas seria encarado com aquele patriotismo e boa vontade que as circunstâncias exigiam!

Enviei para a Mesa um projecto de lei que, a meu ver, estabelecia a única maneira de se repararem as estradas.

Mas o projecto de lei não se discutiu, apesar de se discutirem antes da ordem do dia projectículos. criando novas assembleas eleitorais e juntas de paróquia, para servir amigos.

Não venha o Sr. Ministro do Comércio proclamar a necessidade de se repararem as estradas do triângulo Lisboa-Sintra-Cascais, no interêsse do turismo.

Não compreendo esta necessidade quando o País está sem vias de comunicação, sem estradas em condições de manter os produtos da sua actividade aos mercados.

Portanto, não admito que se fale em turismo quando o País está sem estradas, impedido de criar e valorizar a sua riqueza.

Se as estradas não se repararem, dentro de pouco tempo os centros de produção ficarão inteiramente isolados dos mercados e impossibilitados de colocar os produtos.

E vem S. Exa. falar em turismo, quando há importantes pontos do País sem vias de comunicação e outros com as estradas num estado horrível!

Não confio na acção do Sr. Ministro do Comércio e Comunicações, nem na sua decantada energia, para se opor aos pedidos dos seus correligionários, relativamente a consertos de estradas sem utilidade.

Neste assunto é necessário fazer obra patriótica, pois o magno problema das estradas tem de ser resolvido urgentemente.

O Sr. Presidente: - Está a terminar o tempo concedido pelo Regimento para V. Exa. poder falar.

O Orador: - Eu não sei, Sr. Presidente, se o Sr. Ministro do Comércio ainda estará muito ou pouco tempo naquelas cadeiras.

Já aqui se disse que o Govêrno, politicamente, se encontra moribundo, infectando a Nação: no emtanto, eu, nesta hora, não posso deixar de mais uma vez lhe pedir providências para o assunto de que estava tratando.

Se bem que S. Exa. já esteja naquelas cadeiras deve haver uns três meses, pouco ou nada tem feito.

Espero ainda que S. Exa. cumpra as promessas que nos fez das bancadas de Deputado, desejando-lhe muitos anos de vida, não como Ministro, mas como cidadão, visto que, como Ministro, está perdendo o seu tempo e a sua energia.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Amaral Reis: - Sr. Presidente: V. Exa. tem conhecimento de que ando há muitos dias a pedir a palavra para quando esteja presente o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Sabe-se, pelos jornais, que veio a Lisboa apresentar ao Govêrno as bases de um acordo do comércio com a França o nosso Ministro em Paris, Sr. António Fonseca, assunto êste de maior interêsse para a economia nacional e muito principalmente no que diz respeito à entrada dos nossos vinhos de pasto em França.

O Sr. Presidente: - Peço desculpa ao ilustre Deputado, mas não posso permitir que V. Exa., tendo pedido a palavra para interrogar a Mesa, esteja a fazer um discurso.

Se bem que o assunto seja, na verdade, muito importante, não posso permitir tal, porquanto não desejo por forma nenhuma que o facto possa constituir um precedente.

Estou certo de que S. Exa. há-de ser o primeiro a dar-me razão.