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Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 5

à Câmara pedir reforços de verba e verbas especiais para fazer face às epidemias de febre tifóide, que costuma assolar principalmente Lisboa e Pôrto.

Não ignoram V. Exas. que as águas de Lisboa estão inquinadas de bacilos de febre tifóide, e que nos restaurantes não se serve outra água, desde que as águas de mesa sejam tributadas.

Porque é que os Governos da República, que de anos a anos gastam somas consideráveis no combate das epidemias de febre tifóide, não procuram antes beneficiar as águas de Lisboa, especialmente as canalizações?

Como a Câmara vê, é um cancro que nos corrói constantemente.

Sr. Presidente: é êste o meu modo de sentir, e tenho pena de me encontrar doente e impossibilidado de falar por muito tempo, porque cousas interessantes havia ainda a dizer.

É necessário, pois, Sr. Presidente, que se faça uma classificação scientífica, e não por palpite.

Não voto a doutrina expressa na alínea b), nem a doutrina da comissão de finanças, nem a do Sr. Ministro das Finanças.

Dito isto, faço votos para que o Sr. Ministro das Finanças, pensando melhor, aguarde a discussão desta proposta de lei, fazendo vir ao nosso conhecimento - já disse que não sou mineralogista - uma classificação capaz das águas, com o seu grau mineral, e nós então, por êsse critério, não teremos dúvida em tributar aquelas das águas que devem ser tributadas.

Posso citar as águas de Melgaço, Curia e Pedras Salgadas, que são medicinais.

São águas de mesa as águas do Luso e as águas das Lombadas, que são as mais perfeitas.

Estas águas foram analisadas pelo professor Ferreira da Silva, do Pôrto.

Não tive tempo para procurar o resultado dessa análise, mas, segundo um dêsses analistas, o Sr. Ferreira da Silva, falecido há pouco tempo, as águas das Lombadas são o tipo mais perfeito de água de mesa.

Não é o meu regionalismo ou patriotismo que me leva a dizer estas palavras.

Essa afirmação foi feita pelo distinto analista Sr. Ferreira da Silva.

O meu voto é para que a questão se resolva com critério e segurança, sem atropêlo de ninguém.

Se essas águas forem injustamente tributadas, não poderão suportar o imposto, e essa indústria pode desaparecer de um momento para o outro.

Ora esta circunstância é muito para considerar.

Posso afirmar, no que diz respeito à minha região, que será um golpe valente vibrado nessa indústria.

Devo dizer que os Açôres tem procurado constantemente fixar o trabalhador ao solo.

O Sr. Jaime de Sousa sabe que antigamente se cultivou nos Açôres em larga escala a laranjeira.

Os Açôres exportavam laranjas para todo o mundo.

Essa cultura constituía uma fonte de riqueza para os Açôres.

Para essa exportação, por falta de protecção dos homens que se sentam nas cadeiras do Poder, perdeu-se.

É que às vezes os homens do Poder nem sequer sabem geografia.

Risos.

Vozes: - Oh!Oh!

O Orador: - Não falo nos presentes. Os presentes são sempre exceptuados.

Os cavalheiros que ocupam às vezes as cadeiras do Poder fazem cousas exquisi-tas.

Deixámos perder a exportação da laranja, suplantada pela laranja espanhola.

Uma voz: - Foi no tempo do Sr. Hintze Ribeiro.

O Sr. Velhinho Correia: - A razão por que se perdeu a exportação da laranja dos Açôres e do continente foi a falta de conhecimentos técnicos da parte daqueles que exportavam e que mandavam a laranja para os mercados em condições de não poder concorrer com a laranja espanhola.

Tenho dêsse assunto um largo estudo; sou viajado e vi com o meus olhos, com o amor e carinho com que cuido das cousas portuguesas, que da parte dos cultivadores não havia os necessários conhecimentos.