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8 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Presidente: - O Sr. Ministro das Finanças acaba de enviar para a Mesa uma proposta de lei, para a qual pede urgência e até dispensa do Regimento, caso a comissão respectiva não dê o seu parecer, de forma a que ela possa entrar em discussão na próxima segunda-feira.

Foi lida a proposta, que vai adiante publicada, e que será inserida na integra quando entrar em discussão.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: coerentes com o que sempre temos dito nesta Câmara, somos absolutamente contrários à concessão da urgência e dispensa do Regimento de qualquer proposta. Coerentes com o que sempre aqui temos afirmado - porque nunca nos desmentimos - somos igualmente contrários a que se discutam e votem aumentos de circulação fiduciária.

Sem nunca termos andado a enganar e a iludir o País, nem com promessas de bacalhau a pataco, nem mandando roubar o pêso do pão, sem termos também andado a clamar que éramos inimigos do aumento da circulação fiduciária para na primeira oportunidade a permitirmos, coerentes, repito, com essas nossas opiniões, ao vermos êste Govêrno, que não faz senão provocar o País, cuspir sôbre êle e demonstrar simplesmente que não quere mais do que iludir o pobre povo ingénuo e bom, nós não consentiremos, sem o nosso mais indignado protesto, que esta proposta vá por diante!

Declaro desde já a V. Exa. que dentro do Regimento e contra todas as violências de número que pela maioria forem feitas, nós empregaremos todos, absolutamente todos, os meios para que, emquanto fôrças tivermos, esta proposta nem mesmo seja discutida.

O Sr. Alberto Cruz (em àparte): - Temos sinfonia de carteiras...

O Orador: - Teremos, Sr. Deputado! O Regimento é claro: não pode conceder-se a sua dispensa senão a propostas sem importância, e esta, que envolve um aumento de circulação fiduciária, não é uma proposta sem importância.

E desde que a violência do número queira saltar por cima do Regimento, teremos carteiras, teremos tudo quanto fôr necessário!

Sr. Presidente: a Câmara não pode, pois, votar a dispensa requerida pelo Sr. Ministro das Finanças, porque a isso se opõe a letra expressa do Regimento.

Espero que a maioria, ponderando nisto, lembrando-se que pertence a um partido que apesar de, de vez em quando, estar a permitir o alargamento da circulação fiduciária...

O Sr. Velhinho Correia: - Não apoiado!

O Orador: - Quem diz não apoiado?

Ah! É o Sr. Velhinho Correia, o homem que, ilegalmente, mais alargou a circulação fiduciária! E tem S. Exa. o arrôjo - porque outra cousa não é - de vir dizer-me não apoiado!

Mas, Sr. Presidente, a maioria, dizia eu, pertence a um Partido que declara que é contrário ao aumento da circulação fiduciária, embora, repito, de vez emquando o esteja permitindo.

É acompanhada pelo Grupo de Acção Republicana, que tem à frente o Sr. Álvaro de Castro, que foi dizer para o Pôrto que o aumento da circulação fiduciária é um terrível inimigo do País.

Pois eu agora quero ver também se o Sr. Álvaro de Castro dá o seu voto a esta proposta ou sequer permite a dispensa do Regimento, para que se consume uma cousa que S. Exa. considera um terrível inimigo do País.

Vai agora o País, com esta votação, ter ensejo de ver quem lhe fala verdade e quem anda a enganá-lo duma forma imperdoável.

Vote a Câmara politicamente se quiser!

O que mais nos conviria, como monárquicos, era até a aprovação desta proposta. Mas primeiro que monárquicos somos portugueses e representantes da Nação.

E. assim, nós que sabemos quanto os aumentos da circulação fiduciária são perniciosos para a vida do País e influem no agravamento do custo da vida, tudo faremos para que esta proposta não seja aprovada ou sequer discutida.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

O orador não reviu.