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Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 9

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente: o Partido a que pertenço não pode de maneira nenhuma dar a sua aprovação ao requerimento do Sr. Ministro das Finanças, para ser discutida na segunda-feira a proposta de lei hipócrita e mentirosa, que representa bom todas as manifestações que êste Govêrno tem dado.

Vozes: - Apoiado, apoiado! Não apoiado!

Trocam-se àpartes.

O Orador: - Sr. Presidente: eu não sei se alguns dos Srs. Deputados querem im-pedir que eu use da palavra, pela circunstância de saberem que há hoje uma manifestação em Lisboa ...

Vozes: - Apoiado! Apoiado!

O Sr. Amadeu de Vasconcelos: - Não apoiado!

O Orador: - ... mas previno os Srs. Deputados que me queiram impedir de falar que essa manifestação só é às 8 horas da noite ...

Esta proposta é hipócrita, porque oculta a verdade, porque, dizendo que não quere o aumento da circulação fiduciária, o consente; e eu declaro até ao Sr. Ministro das Finanças, sob minha palavra de honra, que, por ela, eu posso aumentar a circulação fiduciária em mais 290:000 contos.

Esta proposta é hipócrita, porque pretende ocultar que se perderam em negócios de câmbios cerca de 110:000 contos!

Muitos apoiados.

O Sr. Francisco Cruz: - Abaixo a máscara!

O Orador: - Esta proposta é hipócrita, porque, tendo sido lançada como obra contra o Banco de Portugal, é uma forma de acorrer em auxílio do Banco de Portugal.

Apoiados.

Enganou-se o povo. Mentiu-se-lhe, mente-se-lhe, mentem-lhe.

Não apoiados. Apoiados.

Diz-se que se não quere aumentar a circulação fiduciária, e aumenta-se.

Diz-se que se quere atacar o Banco de Portugal, e pretende-se comprá-lo com esta proposta.

Apoiados.

Não há ninguém que aqui esteja neste momento - a não ser os favorecidos pela Guerra, a não ser que tenha tido a felicidade de ler os dados como eu os li - não há ninguém nesta Câmara que a possa discutir nestas circunstâncias, porque o Govêrno não trouxe ao conhecimento da Câmara êsses dados.

É preciso saber: primeiro, qual o valor dos suprimentos feitos pela convenção de Abril de 1922; segundo, qual o valor actual de fundo ouro.

O que aqui está parece escrito por um jesuíta.

Apoiados.

É obra dum jesuíta intelectual.

Apoiados.

O meu Partido não pode discutir esta proposta de lei na segunda-feira.

O Govêrno pretende abrir um período revolucionário: estamos em revolução.

Apoiados.

Não a revolução feita pela oposição, mas feita pelo Govêrno.

Apoiados.

Está aberta a luta. Querem-na? Vamos para ela.

Ficarei em minha casa. Podem ir lá prender-me. O Govêrno que mande lá buscar-me.

Provarei ao longo da discussão que êsse homem não tem o direito de falar em nome do povo.

Apoiados.

Repito: estamos prontos para ir até onde nos quiserem levar, até para a Morgue.

Apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Vitorino Guimarães: - Serei breve. Não aproveitarei o pretexto de pedir a palavra sôbre o modo de votar para discutir a proposta de lei.

Apoiados.

Tenho de expor a V. Exa. e à Câmara a razão por que o meu voto é dado à proposta do Sr. Ministro das Finanças, ao mesmo tempo fazer sentir que não compreendo, a não ser devido à paixão política, a enorme indignação contra o Govêrno porque à sombra dessa autorização, que a Câmara reconheceu constitucional, pretende fazer algumas leis.

Apoiados.

Não apoiados.