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Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 13

Afirmaram-me ainda que se fôsse jesuíta um dia, eu não iria para o inferno, e isso fez uma dolorosa impressão no meu espírito.

O Sr. Moura Pinto: - Foi até por essas e outras que êles foram expulsos.

O Orador: - Sôbre ensino, os colégios dos jesuítas eram dos que tinham mais reprovações; sôbre higiene e sôbre outros pontos de vista eram também dos piores, e a República assim o entendeu, que acabou com êles.

O Sr. Moura Pinto: - Assim é que é.

O Orador: - Mas talvez V. Exa., com outras modificações á Lei da Separação, consiga trazer outra vez cá os jesuítas.

O Sr. Moura Pinto: - Não tem nada V. Exa. do meu passado para supor que eu não sou tam anti-jesuita como V. Exa. Não precisei de ter estado nas suas escolas para ter a opinião que V. Exa. tem.

O Orador: - Como dizia, não foi feliz o Sr. Ministro das Finanças nas suas últimas palavras. Tirou uma impressão errada dos homens que o ensinaram, e foi por não terem essa opinião que as Constituintes resolveram expulsar os jesuítas.

Tenho dito.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e, interino, da Marinha (José Domingues dos Santos): - Sr. Presidente: não era meu intento usar da palavra a propósito do modo de votar esta proposta de lei apresentada à Câmara pelo Sr. Ministro das Finanças.

Já tinha falado, em nome do Partido Republicano Português, o meu ilustre e querido amigo Sr. Vitorino Guimarães, que claramente, singelamente, mas com inteira verdade pôs a questão, e o Sr. Ministro das Finanças, sem hesitações, com altivez, já esclarecera a Câmara sôbre aqueles pontos que andavam ali no ar como uma ameaça, e, ao mesmo tempo como um motivo de perturbação. Não me competia, pois, a mim que não sou Ministro das Finanças, falar a propósito dêste assunto de carácter administrativo.

Mas, porque à volta dêste assunto muitas outras questões se embrulharam, desde o ensino jesuítico, que não sei a que propósito se conseguiu meter numa questão de finanças, até à questão da ordem pública, eu pedi a palavra para dizer poucas, singelas, mas verdadeiras palavras.

Sr. Presidente: o Govêrno não abriu guerra contra ninguém.

Apoiados.

O Govêrno ouviu antes aqui na Câmara, pela bôca do Sr. Cunha Leal, uma declaração de guerra em forma, e respondeu em seguida que não declarava guerra a ninguém, mas estava apto a defender-se.

O Govêrno ainda neste momento não declara guerra a ninguém, mas, tendo vindo para esta Câmara no propósito firme de governar, quere continuar a dirigir os interêsses da Nação como entende e não ser o fácil joguete de que as oposições usam para conseguir os seus fins.

Sr. Presidente: desde que da parte da minoria nacionalista se declarou guerra ao Partido Republicano Português...

Vozes da direita: - Ao Govêrno, ao Govêrno!

O Orador: - Seja. Desde que o Partido Nacionalista declarou guerra ao Govêrno, o que é que temos visto?

Primeiro, durante dias, as carteiras a bater e as sessões interrompidas.

Resultado final: o Parlamento não trabalhar.

Depois mudou-se de táctica, e eram negócios urgentes sôbre negócios urgentes, resultando daí que a maioria em vez de governar, como de tantas vezes lhe tem sido pedido das bancadas da oposição, estava a ser dirigida, como o Govêrno, pelos nacionalistas.

Esta situação não era digna do Govêrno, nem da maioria, nem mesmo da minoria.

Apoiados.

Cada um tem de ocupar o seu lugar. O Govêrno a dirigir os negócios públicos, a maioria a dirigir os trabalhos parlamentares. De resto as minorias a mandarem é a subversão de todos os princípios!

Foi assim que nós resolvemos intervir e queremos intervir, porque estamos aqui para governar.

No dia em que nos convencermos de