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Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 17

que não me refira à unidade centavo, mas à moeda antiga.

Mas, voltando às minhas considerações, vêem V. Exas. que era impossível baixar o preço do pão do trigo nacional para a equivalência ao trigo exótico, a não ser que adoptasse o expediente do pão político.

Não podia aceitar esta solução, e não a aceitei.

Na ocasião, que era em fins de Novembro, as cotações internacionais andavam por 280 xelins, para o trigo, e as notícias dos jornais e dos boletins dêste assunto davam a perspectiva de que o preço se manteria por três meses naquela cotação máxima, a que corresponde, como disse, o trigo pôsto em Lisboa a cêrca de 1$40 por quilograma; ou seja menos $40 do que o trigo nacional manifestado, devendo lembrar que muito trigo nacional não manifestado foi vendido a 2$ e até a mais de 2$20 por quilograma. Estes preços, porém, não devem ser tomados em conta, por ilegalizados, para o custo do pão do trigo nacional manifestado.

Eu creio que ninguém tem o condão de adivinhar; mas todos podemos tirar antecipadamente conclusões dos factos que existem, da ordem e grandeza da sua seqüência, como se sabe, da teoria das probabilidades.

O problema cifrava-se então em antecipar de dois meses e meio o preço de 1$60 por quilograma, que era o provável como máximo para alguns meses além do primeiro trimestre de 1925; e para o fazer bastaria, não criando o "pão político", perder o diferencial em algumas toneladas, quando muito num décimo da importação que devia vir a ser de mais de 150:000 toneladas.

O Ministério a que pertenço queria resolver imediatamente aquilo a que eu chamei uma imposição da opinião publica; e depois de várias instâncias com a moagem, de reiteradas instâncias minhas com a moagem, foi aceite - eu não enjeito as minhas responsabilidades - a seguinte plataforma, em contraproposta a uma outra que me foi apresentada pela moagem:

1.° O Govêrno assegura a entrada livre de 14:000 toneladas de trigo pela moagem.

2.° A moagem assegura farinha à panificação de forma que esta comece a vender pão no dia 15, sem falta, pelo novo preço decretado.

A moagem, logo no dia imediato, fez-me saber que aceitaria esta plataforma, mas que não desistia do direito de reclamar para os tribunais competentes. Eu disse--lhe que não concordava com essa atitude, por isso que as minhas duas condições eram explícitas e simples. Mostrei-lhe o original do compromisso, e ela desistiu de ir para qualquer tribunal ou mesmo para os jornais, asseverando-me, porém, que o fazia como que violentada.

É esta a verdade nua e crua dos factos.

No dia 16 de Dezembro - por isso que o dia 15 era segunda-feira e não se fabricava pão - começou a panificação a vender o pão pelo preço correspondente, em taxas regulares, a 1$60 o quilograma de trigo.

Ao mesmo tempo o Govêrno executou a sugestão do Ministério anterior de comprar dois carregamentos de trigo exótico, visto que o teria de importar fatalmente e que de boa prudência era possuir êsse trigo, dadas as disponibilidades de Lisboa e as medidas seguidamente a tomar, medidas que consistiam em não trazer a Lisboa o trigo da província, para assim não prejudicar a lavoura nem prejudicar o Govêrno com qualquer pagamento entre 1$60, preço do trigo de Lisboa, e 1$80, preço do trigo da província.

Os dois carregamentos foram comprados e um entrou no Tejo poucos dias depois.

Êsses carregamentos asseguravam o preço do pão na base de 1$60. sendo a importação do trigo feita directamente pelo Estado, e davam um lucro satisfatório, pois apesar de se distribuir quási metade à Manutenção Militar pelo preço do custo que foi 1$47(9), o primeiro carregamento deu um lucro para o Estado de 382.582$10.

O segundo devia dar perto ou mais de 6:000 contos de lucro.

Pouco tempo depois chegava ao conhecimento do Ministro da Agricultura que a farinha saía de Lisboa justamente à compita com a farinha da província. Activei a fiscalização e obstei o mais possível à fuga da farinha, da capital.

Simultâneamente, do Pôrto saía também a farinha em grandes quantidades; e eu tive de fazer dela o inventário e de