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Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 19

O pão, ou melhor dizendo, a farinha foi obtida em quantidade suficiente para a população de Lisboa. Os panificadores independentes todavia disseram que não podiam sacrificar-se vendendo assim, com muito reduzida taxa de fabrico. E a outra panificação, dotada de maquinismos rendosos, em grandes fábricas, uma delas das maiores do mundo, facultou o seu fabrico e os seus maquinismos á população de Lisboa. Havia produção suficiente; o que não houve foi a distribuição que costuma haver, por terem deixado de laborar por dois ou três dias mais de 100 padarias de Lisboa.

Eu, não querendo alarmar a população da capital, não mandei publicar notas oficiosas.

Não favoreci umas padarias em detrimento de outras. O que eu quis foi evitar a desordem na rua.

Todos conhecem já a situação do Ministro da Agricultura perante o problema do pão.

Eu não sei se disse que submeti a Conselho de Ministros a resolução das 14:000 toneladas, mas, se o não disse, declaro-o agora.

Sabe V. Exa., Sr. Presidente, sabe-o a Câmara muito bem, que pelo decreto n.° 9:684, de 9 de Maio de 1924 - e portanto não da autoria dêste Govêrno - é permitida a tolerância de 6 por cento no pêso do pão.

Apelo para umas simples contas de aritmética. Para que toda a gente, por um sacrifício de 2, 3 ou 4 dias, tivesse pão sem desordem, a fiscalização tolerou esta ... tolerância legal.

Mais nada. Nem o Ministro da Agricultura podia obstar a isto, nem eu podia ordenar, nem ordenaria, outra tolerância máxima.

Os padeiros independentes não fabricaram alguns dias, mas depois retomaram o trabalho exactamente dentro do fabrico legal.

Abusou-se da tolerância do pêso.

Abusa-se sempre: ainda agora os jornais belgas e franceses se queixam disso.

Mandei intensificar a fiscalização do pêso e da qualidade.

Os diagramas vinham da província conforme as disponibilidades; diagramas de ocasião; e eu nada mais tinha a fazer do que solicitar pessoalmente das direcções dos caminhos de ferro todas as facilidades nos transportes; e graças a todos os que me ajudaram, houve farinha para toda a gente e em todos os dias em Lisboa.

Quem relata os sacrifícios que isto me custou, e como consegui não ser obrigado a decretar o tipo único de pão? Num dia de manhã eu tinha só 7 sacas de farinha!

Na casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão; mas eu tinha muita para proceder como procedi. Não recuei diante das dificuldades; passaria por cima da lei - de todas as leis - para não haver falta de pão em Lisboa, que seria causa de desordem.

Apoiados.

O pão de todos os dias não podia faltar; eu havia de evitar isso, fôsse como fôsse.

O Sr. Francisco Cruz: - O que houve foi imprevidência.

O Orador: - Não houve imprevidência!

Imprevidência! Como podia haver imprevidência se o trigo foi comprado logo que entrei para o Govêrno, e quando todos diziam que era exagerada prudência comprá--lo quando tanto ainda havia em Portugal?

Que culpa tenho eu que o navio encalhasse?

Agora tenho a boa notícia, neste mesmo momento recebida, a comunicar à Câmara, que o vapor chega na segunda-feira.

Não houve a mais ligeira imprevidência. Depois dos factos sucedidos são todos adivinhos e cautelosos.

Eu não vou explicar à Câmara porque não abri concurso para mais de 60:000 toneladas, porque em negócio do Estado, como em certos negócios comerciais (e êste é um negócio comercial), há cousas eme não se dizem senão depois de feitas. É uma obrigação de gerência nos momentos delicados.

Ontem comprei dois carregamentos de trigo; e na segunda-feira deve chegar o carregamento fantasma.

Acusaram-me de eu ter enviado um telegrama para o Pôrto a permitir tolerância no pêso do pão.

Sim; eu enviei êste telegrama para o chefe do gabinete do Ministério da Agri-