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12 Diário da Câmara dos Deputados

A Nação há-de ser esclarecida.

O Govêrno quere aumentar a circulação, mas diz o contrário, e aponta as oposições aos ódios da multidão, dizendo que são elas que querem êsse aumento.

Isto faz lembrar o processo de que muitos gatunos usam quando vão a fugir.
Indicam à polícia qualquer pessoa como autora do furto, e êles é que levam o roubo nas algibeiras.

Mas o Govêrno engana-se; não tem atrás de si o País.

A breve trecho encontrar-se-há com uma porção de energúmenos, que, embora pequena pelo número, será bem grande pela vileza.

Lembrem-se de que os massacres de Setembro, em França, foram feitos por 400 assassinos!

O Partido Nacionalista sabe para onde vai; mas sabe ainda muito melhor para onde o querem levar! Os seus homens aceitam as responsabilidades da situação que lhes criam.

Morra o homem e fique a fama! Não! Morra o homem, mas fique ao menos, para seus filhos, um nome honrado, próprio dos homens que sabem cumprir os seus deveres para com o País!

Estamos num período de revolução, aberto pelo Sr. Presidente do Ministério e pelo Sr. Ministro das Finanças.

Mas nós, nacionalistas, marcamos uma situação clara.

Ninguém pode acusar-nos de jesuítas, nem de hipócritas.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Joaquim Ribeiro: - Sr. Presidente: tenho a impressão de que qualquer cousa de grave se vai passar. Não é justo que os homens que aqui estão façam exacerbar as paixões.

Os interêsses da Pátria e da República estão acima das nossas ambições.

Apoiados.

Basta! Todos os bons republicanos têm o dever de pôr de lado as suas más vontades e ambições, para só atenderem ao prestígio da República.

Não pode ser! Eu apelo - não sei se falo bem, mas falo sinceramente - eu apelo
para a honra dos republicanos, para a sua sinceridade e abnegação, para que não tomem perante quaisquer questões as atitudes mais violentas, que lá fora se repercutem e cujos efeitos são desastrosos.

Pedi a palavra sôbre o modo de votar, embora não seja bem sôbre o modo do votar que esteja a falar, apenas para que a minha opinião fique constatada, para quando qualquer dia, hoje, amanhã, depois, só procurar saber qual foi a atitude dos Deputados desta Câmara, ou ter a consciência de poder dizer que alguma cousa disse em benefício da República e da minha Pátria.

Eu, que não tenho Partido político nesta Câmara, aprovo o requerimento que se fez para que na segunda-feira próxima se inicie a discussão da proposta de lei apresentada hoje à Câmara pelo Sr. Ministro das Finanças.

Estou certo que, com boa vontade, a discussão se poderá fazer principiar nesse dia.

Ouvi já alguns oradores falarem sôbre a proposta, e por isso acho que pela sua competência, sobretudo de alguns, se poderá muito facilmente elucidar a Câmara; e não é a primeira vez que os homens da oposição contribuem com a sua inteligência e competência para melhorar as propostas de lei apresentadas.

Sr. Presidente: relativamente às últimas frases do discurso do Sr. Ministro das Finanças, desculpe-me S. Exa., mas eu não concordo com elas.

Nas Constituintes vieram aqui como Deputados muitos dos antigos alunos dos jesuítas; eu fui um dêles. Pois bem, devo dizer que saí da escola dêles com uma opinião inteiramente diferente da do Sr. Ministro das Finanças.

Entrei no colégio dos jesuítas numa idade muito tenra, e as lições que recebi dessa gente foram muito diferentes das que o Sr. Ministro das Finanças apontou. Eu, efectivamente, não seria um homem de honra, nem com carácter, se tivesse seguido o que os jesuítas me ensinaram. Ensinaram-me, entre outras cousas, a ser delator, ensinaram-me a que nem respeitasse meu pai nem minha mãe, quando isso prejudicasse a Companhia de Jesus, porque, diziam eles, tinha havido criaturas
que não respeitaram seus pais e nem por isso deixaram de vir a ser santos.