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Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 7

Mas, para se dirigir os negócios públicos não basta ser inteligente: é preciso também ter ponderação, conhecimento dos homens e das cousas e do meio para o qual se legisla.

Não me importa, portanto, absolutamente nada que o Sr. Ministro das Finanças fôsse guindado às altas culminâncias da inteligência.

O que me importa é saber que S. Exa., sendo inteligente, no emtanto, pela maneira como tem agido no seu Ministério e na argumentação referente ao assunto que se discute, não tem demonstrado ser de facto êsse estadista extraordinário, que muitos dos oradores desejam e pretendem.

Mas, Sr. Presidente, eu não pretendo de maneira nenhuma amesquinhar o Sr. Ministro das Finanças; longe de mim semelhante idea.

Mas tenho por hábito falar claro, e assim não podia iniciar as minhas conside- rações, sem as fazer desta maneira.

Eu sei que a matéria que estamos a discutir se presta a comentários largos; que ela se presta a divagações diversas, muito principalmente se compararmos a designação desta alínea b), que estamos discutindo, com a designação que vem no diploma de 1919.

O que se vê, Sr. Presidente, é que se chegou ao momento de se fazerem inovações, até em matéria de águas.

É provável que o Sr. Ministro das Finanças seja um distinto analista, e até um técnico dos mais notáveis do País; porém, o que é certo, Sr. Presidente, é que sôbre as águas de mesa minerais gasosas, eu não encontro maneira fácil de distinguir com clareza o que é que o Sr. Ministro das Finanças pretende com isto.

Assim, eu não sei na verdade se a água do Luso está incluída na alínea b); mas é provável que o esteja como tantas outras.

Mas o que eu na verdade não compreendo bem é como o Sr. Ministro das Finanças chega à conclusão de que as águas de mesa minerais gasosas constituam um artigo de luxo para aqueles que delas se servem.

Eu não posso deixar de considerar isto como uma heresia.

Natural é, Sr. Presidente, que o Sr. Ministro das Finanças, como abastado que
é, se possa transportar todos os anos ao Luso, Curia, Pedras Salgadas e Vidago, porém, isso não se dá com todos, como por exemplo com a minha pessoa, que me ve-jo obrigado a lançar mão do processo que usa a gente pobre, servindo-me das garrafinhas que por aí se vendem nas farmácias e drogarias para as beber às refeições.

Isto que se dá comigo dá-se com muita gente, razão por que as considero absolutamente necessárias para os pobres fazerem uso delas, empregando-as no tratamento das suas doenças.

O Sr. Presidente: - Devo prevenir V. Exa. de que são horas de se passar à ordem do dia.

O Orador: - Nesse caso, e como ainda tinha muito que dizer, peço a V. Exa. o obséquio de me reservar a palavra para a próxima sessão.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Está a acta em discussão.

Como ninguém peça a palavra, considera-se aprovada.

O Sr. Ministro das Finanças (Pestana Júnior): - Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa uma proposta de lei, a que os jornais já se referiram, tendo-a já publicado na integra, para a qual eu peço urgência, de forma a que se comece a discutir na próxima segunda-feira, pedindo até a dispensa do Regimento, caso a comissão respectiva não dê o seu parecer, de forma a poder ser discutida no referido dia.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - V. Exa. diz-me de que proposta se trata?

O Orador: - Pela leitura que deve ser feita na Mesa, V. Exa. ficará sabendo do que se trata.

O Sr. Carvalho da Silva: - Não diga V. Exa. mais nada; já sei que se trata da proposta do aumento da circulação fiduciária.

Trocam-se àpartes.