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Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 11

discussão a sua proposta. Não supunha eu, repito, que tal tempestade se viesse a fazer nesta casa.

O Sr. Carvalho da Silva: - V. Exa. disse há pouco que tinha mostrado a proposta aos representantes dos diversos lados da Câmara. Eu tenho a dizer a V. Exa. que não me foi presente a proposta; não a vi, nem nela me falaram.

O Orador: - Não tinha os exemplares necessários para os fazer chegar a todos os lados da Câmara, mas facultei-os ao leader da maioria, Sr. Vitorino Guimarães, ao leader do Partido Nacionalista, Sr. Cunha Leal, e ao leader do Partido de Acção Republicana, Sr. Álvaro de Castro.

Não tinha mais exemplares, não os podia nesse momento mandar a todos os lados da Câmara, mas hoje vi que alguém tinha feito chegar ao Século a proposta e todos tiveram, decerto, conhecimento dela.

Não é meu feitio melindrar ninguém, seja quem fôr, mas a minoria monárquica hoje ao despertar, viu, num jornal que bem podia ser o seu órgão, a proposta na íntegra.

O que eu vejo agora é que por todas as formas se quere guerrear o Ministro. Pois eu não fiz outra cousa senão, com esta proposta, evitar que se aumentasse a circulação fiduciária.

Apoiados.

Não apoiados.

Sr. Presidente: não é êste o momento de fazer a discussão da proposta, mas entendo do meu dever, para tranqüilizar a Câmara e o País, que não é meu propósito aumentar a circulação fiduciária.

Sr. Presidente: isto já não é discutir; isto não é pôr argumentos a argumentos: isto é transformar uma questão administrativa em questão política.

Apoiados.

Diz-se que eu sou um jesuíta intelectual.

Pois talvez na altura em que nós fizemos a República, nesta casa se encontrassem muitos antigos discípulos dos jesuítas.

Não tenho culpa de que me tivessem metido dentro de um colégio de jesuítas, em que me educaram nos princípios religiosos, que mais tarde abandonei. Mas o que é certo é que lá ensinaram-me os principios da honra, da dignidade e da disciplina.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Carvalho da Silva não fez a revisão do seu àparte.

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente: tomo a palavra na ocasião em que o Sr. Ministro das Finanças tecia o seu hino ao modo como os jesuítas educam os seus alunos.

Disse S. Exa. que O Século se não era um jornal monárquico, era uma cousa parecida; eu devo dizer que pouco me importou êsse jornal senão em dois períodos: 1.° aquele em que lá estive, e o segundo em que Trindade Coelho assumiu, como grande republicano que é, a sua direcção.

O Sr. Ministro das Finanças e o Sr. Presidente do Ministério é que, quere queiram ou não, ficarão grudados já a todas as desordens que, porventura, venham a dar-se.

Sr. Presidente: não falseamos a verdade quando afirmamos que o intuito do Govêrno é aumentar a circulação fiduciária.

Quem leia a proposta e saiba o que lê, fàcilmente verificará que um dos seus fins é encobrir a perda de 110:000 contos em negócio de câmbios.

Havia até agora uma circulação fixa e uma circulação variável.

O artigo 1.° torna permanente o aumento de circulação variável. Pode vender-se o fundo-ouro porque nem por isso os suprimentos por conta da convenção deixam de existir.

Quem disser o contrário disto mentirá a todos nós!

O Govêrno quere o aumento da circulação fiduciária, mas procura por todos os modos iludir êsse seu propósito. Então aponta-nos às vaias populares, como sendo nós que queremos impedir a salvação do País.

Esta política não dignifica!

Isto é uma política de jesuïtismo.

Aumentam a circulação fiduciária, mas não têm a coragem de o declarar.

Não consentiremos essa política,