O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

42 Diário da Câmara dos Deputados

Sr. Presidente: o Sr. Joaquim Ribeiro, por acaso, tem sôbre a sua carteira um exemplo característico daquilo que essa moagem paga, e por onde se verifica a falta de fiscalização do Govêrno. Trata-se de um exemplar de pão fabricado por uma das fábricas de moagem.

Sr. Presidente: o Govêrno nada fez a favor dos tais explorados. O que êle procurou fazer foi uma campanha do exploração.

Apoiados da direita.

Mas se o chefe do Govêrno tivesse dito num discurso que não desejaria servir-se da fôrça pública para espingardear o povo, quem se lembraria do o censurar?

Sr. Presidente: as palavras têm de entender-se conforme as ocasiões em que são proferidas e conforme as circunstâncias em que o são.

A guarda republicana tinha sido atacada por uma bomba, que feriu dois militares e dois populares. Como é que essa guarda se defendeu?

Disparando as armas para o ar e evolucionando com os sons cavalos.

Sr. Presidente: é sôbre êste facto que o Sr. Presidente do Ministério declarou que não queria a fôrça pública para espadeirar o povo.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo]: - E é uma afronta o Sr. Presidente do Ministério vir dizer que no tempo da propaganda também se proferiam frases idênticas, pois nesse tempo não havia bombistas.

O Orador: - Sr. Presidente: não se trata, portanto, de uma frase isolada. Trata-se de frases proferidas num momento grave.

Mais uma vez o que o Sr. Presidente do Ministério pretendeu foi obter os aplausos dessa multidão.

Sr. Presidente: porque se fez essa manifestação na sexta-feira à noite e não no domingo, dia em que estão livres todos os que trabalham?

Porque é que se consentiu que se fizesse essa manifestação de noite?

Certamente estas duas preguntas ficarão sem respostas, porque eu também as não dou.

Mas, Sr. Presidente, sabia muito bem o Sr. Presidente do Ministério que a parte mais perigosa da manifestação era a debandada. Pois, muito bem; como é que S. Exa. procurou que ela decorresse?

A pretexto do que uma fôrça tinha disparado para o ar, S. Exa. mandou imediatamente recolher a quartéis todas as fôrças da guarda nacional republicana que se achavam nas ruas, cumprindo com o seu dever do manter a ordem.

Sr. Presidente: se não houve mais alguma cousa não foi porque o Sr. Presidente do Ministério o procurasse evitar, mas antes pelo contrário.

Disse também há pouco S. Exa. que tinha sido acusado do pretender dar um golpe do Estado.

Não fui eu que o açusei.

Disse mais o Sr. Presidente do Ministério que, se realmente quisesse praticar êsso acto, não sabia se poderia contar sequer com um simples cabo, porque disso se não tinha informado.

Ainda bem, e eu dir-lho-hei que, se S: Exa. não dá êsso golpe não sei se será por não querer, se será por realmente não ter nem um cabo para o acompanhar.

Sr. Presidente: na sexta-feira foi o início, porque o complemento foi o célebre comício do domingo em que as resoluções que ali foram tornadas se comunicaram ao Sr. Presidente do Ministério.

Sr. Presidente: é alguma cousa para aqueles que querem a manutenção da ordem.

Se tenho com o Deputado José Dorningues dos Santos uma bela camaradagem, tenho com o Sr. Presidente do Ministério uma atitude bem diferente, pois tenho o desejo formidável de o ver fora dêsse logar, de o ver desaparecer daí para bem da sociedade.

O orador não reviu.

O Sr. Joaquim Ribeiro: - Sr. Presidente: as considerações de ordem geral
proferidas pelo Sr. Presidente do Ministério não me satisfizeram.

Não quero repetir as afirmações que fiz quando tive a honra de mandar uma moção para a Mesa.

O meu voto seria condicional e conforme as indicações do Chefe do Govêrno, mas S. Exa. nada disse.

Apoiados.