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40 Diário da Câmara dos Deputados

São estas afirmações que ferem a sensibilidade da Câmara. Mas se êste Govêrno não serve assim, digam-no claramente.

Apoiados.

É o Govêrno acusado de ter dito na Câmara que a fôrça pública não é para espingardear o povo.

Esta afirmarão vem sendo feita desde longos anos, desde os tempos da propaganda, quando só deram os morticínios de 5 de Abril e 4 de Maio.

Muitos apoiados.

Os mais entusiastas propagandistas da República, os homens que andavam nesse momento orientando as camadas populares assim afirmavam: que a guarda municipal não podia servir para espingardear o povo.

Muitos apoiados.

Essa afirmação era acarinhada por todos os republicanos (Apoiados) e hoje parece que constitui um grito subversivo.

Muitos apoiados.

Mas, se a Câmara adopta o critério estupendo - que eu ouvi - que a fôrça deve fazer pontarias ao centro, para não desperdiçar munições, está bem; se é isso que a Câmara quere, direi que êste Govêrno não serve para isso.

Muitos apoiados.

Êste Govêrno entende que a fôrça pública deve manter a ordem, porém entendo também que ela não serve para espingardear o povo.

Muitos apoiados.

Há maneira de manter a ordem sem espingardear o povo.

Apoiados.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): - Também sem deitar bombas há forma do povo se manifestar.

O Orador: - Fala-se agora em bombas, como se elas rebentassem todos os dias; mas estou no Govêrno há dois meses e não rebentam bombas. No tempo do Govêrno anterior - e nestas palavras não vai censura para ninguém - era raro o dia em que não rebentavam bombas e não havia ataques pessoais.

Apoiados.

Pregunto a V. Exa. e à Câmara quantas bombas rebentaram desde que estou no Poder e quantos ataques pessoais se cometeram desde que estou no Govêrno?

Muitos apoiados.

E indispensável que nos vamos convencendo do que estamos em República, em democracia (Apoiados), que os povos não se regem a chicote como nos tempos bárbaros.

É necessário que todos se convençam de que não se trata ninguém a cavalo marinho, nem a chicote.

Muitos apoiados.

Êste Govêrno é para todos os portugueses (Apoiados) e tem mantido a ordem melhor do que ninguém.

Desde que tomei conta do Govêrno apenas duas ou trê vezes tive de pôr as tropas de prevenção.

Disse-se, aqui, que eu estava preparando um novo 19 de Outubro. Cumpre-me declarar que não tive nenhuma espécie do cumplicidade com os acontecimentos de 19 de Outubro. Antes os combati tenazmente a peito descoberto e tendo a minha cabeça a prémio.

Não compreendo porque tanto se fala em desordens e em revoluções.

Êste Govêrno, se quisesse nesta hora dar um golpe de Estado, não tinha um cabo que fôsse para o acompanhar.

Êste Govêrno só tem procurado governar com o Parlamento.

Oxalá que todos pudessem dizer o mesmo.

Sr. Presidente: posso afirmar, sem receio de não dizer uma verdade, que emquanto aqui estiver não haverá atentados pessoais contra qualquer político.

Sosseguemos os espíritos.

Tem-se procurado intrigar o Govêrno com a guarda republicana, mas o Govêrno confia em absoluto na lealdade daquela corporação.

Sr. Presidente: folgo em dizer à Câmara que se a guarda republicana disparou para o ar, como na verdade disparou, as suas espingardas, procedeu assim porque os seus comandantes o determinaram. Mas também devo dizer que não tenho dúvida em galardoar quem naquela hora procedeu assim.

Nós seguimos quási sempre o que se faz lá fora; pois eu quero proceder como Millerand em França, quando condecorou com a Legião de Honra um militar que à