O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

38 Diário da Câmara dos Deputados

se espalha, subjuga e domina tantos espíritos, como aquela que neste momento o Govêrno vem espalhando por Portugal, essa idea não pára, nem morre.

Apoiados.

É uma idea em marcha, idea criada pela democracia, idea pura saída das aspirações mais generosas do povo português, traçada através de muitas dezenas de gerações, que dia a dia vêm espreitando a aurora sagrada, em que êsso ideal há-de ter a sua realização plena.

Sr. Presidente: não chegou ainda a hora.

Essa esperança que tantos iluminados prégaram, que criou tantos adeptos, que converteu tantos apóstolos, essa idea que ainda não teve realização prática dentro da República Portuguesa, essa idea, senhores, quer queiram quer não queiram os homens que neste momento são os detentores do mandato popular, há-de vingar.

A idea não pára, não morre porque contra ela se pretendeu neste momento lançar um punhado de vil metal.

Ela desabrochou, há-de vingar mais dia menos dia, mais mês menos mês, contra todos e contra tudo.

Sr. Presidente: a propósito do um incidente de rua, a propósito de uma frase que os jornais trouxeram o glosaram à sua vontade, arvorou-se esta balbúrdia, teceram-se intrigas, armaram-se calúnias. E dentro dêsse corrilho que se formou com fôrças que não me importa saber, gerou-se esta vontade firme e decidida.

O Govêrno cairá se não tiver o único apoio que até êste momento tem procurado manter, sem nenhuma espécie de bajulações, sem nenhuma espécie de contumélias.

Estamos aqui de cabeça levantada; não pedimos votos a ninguém, não pedimos que nos deixem continuar nestas bancadas.

Viemos para aqui para cumprir uma missão. Tínhamos prègado lá fora um determinado programa; queremos executá-lo e sentámo-nos nestas cadeiras com a vontade resoluta e decidida de o realizarmos.

Queremos, no emtanto, cumprir essa missão firmados no único apoio que até hoje temos procurado: o apoio parlamentar.

Á nossa volta levantam-se as vozes do povo aclamando-nos; são os operários dentro das suas confederações e associações, que nos incitam a andar para a frente: é o povo que nos habituámos a encontrar pelos centros quando prègávamos pela República; são aqueles que nós vimos escalar Monsanto e que eu senti junto a mim nas cadeias do Pôrto.

Querem os senhores que desprezemos os aplausos?

Não.

Eu quero realizar uma República para todos os portugueses o não apenas para uma determinada casta.

Queremos realizar uma obra de ressurgimento nacional, e sinto que essa obra só poderá ser ofectivada no dia em que os republicanos se convencerem de que é preciso quebrar este hábito em que todos estamos de deixar estar no seu lugar quem lá está.

E necessário realizar uma obra corajosa de punição.

Á nossa volta começam a aparecer, hora a hora, obstáculos sem conta, dificuldades sem limite, e o Govêrno, que quere andar, vê-se ennovelado numa série de meadas que vêm de longe, sentindo a sua acção enfraquecida justamente por aqueles que mais obrigação moral tinham de lhe dar o seu apoio.

Quero encontrar me aqui para governar, e governar dentro daquela orientação que marquei na minha declaração ministerial.

Se essa orientação, expressa na declaração ministerial, não era boa, porque a não repeliram logo de entrada, e antes lhe deram um voto de confiança?

Mas se essa obra ora de aceitar, porque nos acusam por realizarmos aquilo que prometemos?

Publicou-se a reforma bancária, com o grave deleito, apenas, de antes de ser publicada não ter ido ao "visto" de todos os homens entendidos da nossa terra.

0 Ministro das Finanças cometeu êste enorme êrro: não andou de porta em porta mendigando o aplauso, o favor, a opinião do toda a gente.

Porque era Govêrno, ordenou a sua publicação, depois de nela acordar com os seus colegas de Gabinete.

Publicou-a, e então surgiu uma declaração de guerra em forma surgiu.

O Govêrno não mais vive!