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Sessão de 10 de Fevereiro de 1925 41

frente dos seus soldados impediu que a tropa espingardeasse o povo. Quero também honrar o oficial que evitou na sexta-feira à noite que a tropa espingardeasse o povo.

Apoiados.

É assim que entendo a democracia!

Quero dizer à guarda republicana que ela, procedendo assim, está irmanada com o meu pensamento, e que assim procedeu mais beróicamente do que espingardeando o povo.

Apoiados.

Sr. Presidente: há aí várias moções. Não me importam, não me interessam. Há duas do lado nacionalista: uma do Sr. Cunha Leal, outra do Sr. David Rodrigues; estas não as aceito, evidentemente. Há outra dum marinheiro...

O Sr. Agatão Lança (interrompendo): - Dum quê V. .. Eu lembro a V. Exa. que aqui sou simplesmente Deputado, e não lhe admito a menor falta de respeito.

Vozes da esquerda: - Falta de respeito chamar marinheiro?...

O Orador: - A moção do Sr. Agatão Lança, essa não a posso aceitar. A outra, do Sr. Joaquim Ribeiro, exprime uma doutrina que toda a gente deve aceitar; o Govêrno aceita-a por isso.

Não quero moções de confiança, estou farto delas. O que quero é trabalhar. Moções de desconfiança não quero, mas moções de confiança também não quero; o que quero é poder trabalhar. De forma que se fôr aprovada a moção do Sr. Joaquim Ribeiro, o Govêrno conservar-se-há no Poder; se forem, porém, aprovadas as outras o Govêrno sairá.

Esquecia-me dizer que há uma última parte da moção do Sr. Agatão Lança que o Govêrno aceita: é a da saudação à fôrça pública e armada, a quem êste Govêrno quere também saudar, e fá-lo sem nenhuma espécie de constrangimento pelo que ela representa de respeito à ordem e guarda da nossa torra. Esta minha saudação não envolve nenhuma subserviência, mas apenas o respeito àqueles que sempre se têm sabido bater pela Pátria e pela República.

Apoiados.

Saúdo comovidamente a fôrça armada nesta hora em que muitos procuram abrir scisões entre ela e o Govêrno. A maior prova de respeito que êste Govêrno pode dar pela fôrça pública consiste nisto: é que, apesar de todos os boatos e intrigas que têm chegado ao Govêrno, êste ainda não procurou saber se a ordem pública está assegurada, porque julga que a fôrça pública está ao lado do Govêrno para manter a ordem.

Mas, ao terminar, eu quero dizer a V. Exas. que resolvam como entenderem. Todavia, quero sair daqui com a minha figura moral perfeitamente intacta; não quero sair humilhado, não aceito qualquer espécie de humilhação. Saio de cabeça alta, como aqui entrei, na certeza de ter cumprido o meu dever e com o orgulho de ter mantido a ordem, podendo mostrar as mãos, porque não estão tintas de sangue.

Tenho dito.

O orador foi muito cumprimentado.

O orador não reviu.

O Sr. Pedro Pita: - Sr. Presidente: sem me seduzir o exemplo do Sr. Presidente do Ministério, e, portanto, com a maior calma e serenidade, eu vou procurar colocar a questão nos termos em que deve ser posta.

Ninguém censurou o Govêrno, que arranjando duas classes, explorados e exploradores, se colocou ao lado dos primeiros. Ninguém censurou o Govêrno por não ter espingardeado a população. O que é diferente é acirrar classes umas contra as outras, a pretexto de o Govêrno se colocar ao lado dos explorados.

Sr. Presidente: eu ouvi do Sr. Presidente do Ministério, para demonstrar os seus serviços a favor dos explorados, que tinha obrigado a moagem a pagar ao Estado 4.000 contos que lhe devia.

Sr. Presidente: isto não é verdade.

Apoiados da direita.

Sou funcionário público e faço parte duma repartição por onde êsses serviços correm, e posso afirmar que a moagem não pagou cousa nenhuma.

Existe de facto um processo sem pés nem cabeça, e não é por êle que a tal moagem vai pagar os 4:000 contos, pelo que não é verdadeira a afirmação do Sr. Presidente do Ministério.