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Sessão de 10 de Fevereiro de 1925 37

na entrevista que deu ao jornal A Tarde: "não quero que a guarda republicana sirva para espingardear o povo". Quando é que a guarda republicana, o exército ou a marinha tiveram o pensamento insensato de admitir que aquela força servia apenas para espingardear o povo?

O Sr. Presidente do Ministéiio ainda não respondeu, mas certamente vai responder, às perguntas que ontem lhe dirigi.

Mas dizia ontem S. Exa.: "De que e que me acusam? Façam preguntas e eu responderei".

Ora eu dirigi perguntas a S. Exa. e S. Exa. não me respondeu.

Que culpa tenho eu que S. Exa. tenha pessoas ao seu serviço que o comprometam?

Que culpa tenho eu que o Sr. Tavares de Carvalho fôsse nomeado como oficial do exército para fazer um inquérito, visto que como Deputado não podia ser nomeado pelo Sr. Presidente do Ministério...

O Sr. Tavares de Carvalho (interrompendo}: - Peço desculpa, mas não fui nomeado como militar.

O Orador: - Sossegue V. Exa. que eu. já vou provar que o foi.

No jornal A Tarde, a seguir à entrevista que há pouco citei, vem outra com o Sr. tenente coronel Tavares de Carvalho, como muito bem acentua o jornal. Diz essa entrevista o seguinte:

Leu.

É o Sr. Tavares de Carvalho que ainda ontem julgava que tinha poderes para sindicar toda a guarda republicana e tudo, quando não tinha porque não poderia lá entrar...

O Sr. Tavares de Carvalho: - É V. Exa. que vai lá impedir essa entrada?

O Orador: - É o ilustre comandante dessa guarda, porque V. Exa. não tem hierarquia para sindicar uma fôrça que é comandada por um general.

O Sr. Tavares de Carvalho: - Descanse V. Exa., eu sei cumprir o meu dever.

O Sr. Presidente: - Chamo a atenção do Sr. Tavares de Carvalho para que não interrompa o orador.

O Sr. Tavares de Carvalho: - O orador está a dirigir-se a mim...

O Sr. Presidente: - Peço ao Sr. Agatão Lança para se dirigir à Mesa.

O Orador: - A Câmara, como disse, está verdadeiramente inteirada da questão em debate e, por isso, vou dar por findas as minhas considerações.

O orador não reviu.

Leu-se e foi admitida a moção do Sr. Agatão Lança.

O Sr. Júlio Gonçalves: - Sr. Presidente: só duas palavras. (O Sr. Agatão Lança serviu-se duma conversa particular que com êle tive, mas isso não me incomoda nada, para dizer que eu sou anti-militarista.

O ser anti militarista não quere dizer que se seja anti-patriota.

Quanto à minha indisciplina partidária, isso é equívoco do Sr. Agatão Lança.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e interino da Maninha
(José Domingues dos Santos): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: quando há pouco o meu querido e ilustre amigo Sr. Júlio Gonçalves lia à Câmara as palavras do velho democrata, honrado e austero republicano, que é o Sr. Dr. Magalhães Lima, S. Exa. terminou a leitura com uma frase, porventura, profética, dizendo:

"Oxalá que amanhã o Sr. Dr. Magalhães Lima não tenha mais um motivo para desilusões, e não veja que a sua boa fé e esperança se desfolharam mais uma vez".

E eu pensei que o Sr. Dr. Magalhães Lima, homem a quem os anos encaneceram nas lutas pela democracia, a quem nunca arrefeceu o sagrado amor pelo seu ideal, não terá razão para desfolhara esperança de melhores dias para a nossa terra.

Quando se dá um passo na vida de uma sociedade, quando uma idea aflora,