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32 Diário da Câmara dos Deputados

A Notícia, e que lançou por todo o País a perturbação, a desordem nos espíritos.

E, nessa altura, quando chamei "campanha miserável" à campanha feita em A Notícia, é que um Sr. Deputado, porventura julgando-se lesado pelas minhas palavras - não sei mesmo se S. Exa. escrevia nesse jornal - teve o gesto do me atirar um cigarro, que estava fumando.

E, Sr. Presidente, humanamente, ainda que, porventura, não parlamentarmente, eu repeli esta agressão com outra, e peguei num copo que tinha diante do mim e atirei-lho.

E, em seguida, vendo que não tinha atingido êsse Sr. Deputado, atirei-lhe êste livro que tenho aqui na mão.

Eis explicado êste incidente que: repito, eu sou o primeiro a lamentar.

E agora, Sr. Presidente, eu vou reatar o fio das minhas considerações.

Dizia, eu que o Partido Nacionalista tinha agarrado a si o êrro que classifico de crime, de crime político, da propaganda defectista contra a nossa intervenção na guerra.

Essa propaganda faz-se sob vários aspectos.

Evidentemente, como ela foi feita? dizendo que nós não devíamos entrar, no intuito de nos prejudicar e não de nos valorizar - eu apelo para a consciência de muitos que aqui estão unidos nesta Câmara, sob o mesmo pensamento político, e pregunto-lhes se não repeliram em absoluto futuras camaradagens com os homens que proclamaram o defectismo a dentro das fileiras portuguesas.

E confio bem no republicanismo dêstes homens, alguns pertencentes ao meu Partido e ainda alguns também pertencentes ao actual Partido Nacionalista.

Todos êstes homens, unidos, com os olhos fitos no ideal da Pátria e nos destinos da República, então combateram pela nossa intervenção na guerra.

E ouvi mesmo jurar a alguns, a muitos que estão aqui dentro, que, numa questão tam essencial à vida portuguesa e ao prestígio da República, quando os republicanos não conseguissem congregar-se, unir-se, jamais poderia haver a união indispensável na nossa sociedade.

Ouvi-o a muitos.

Sr. Presidente: referi-me a um caso das lutas políticas de então; a um incidente que nem por ser incidente deixa de marcar com um ferrete as pessoas que nêle intervieram.

O sidonismo foi o filho mais novo do unionismo, que lhe transmitiu a sua última fôrça, o seu último vigor.

Sr. Cunha Leal disse um dia nesta Câmara, da qual eu então não fazia parte, que o sidonismo tinha 10.000 republicanos nas cadeias, e S. Exa., com aquela impetuosidade parlamentar que todos lhe conhecemos, declarou-se desde essa hora inimigo do sidonismo.

Eu tenho repugnância em duvidar do republicanismo de alguns unionistas, como o Sr. Brito Camacho, por exemplo; mas não posso deixar do afirmar que o unionismo foi o pai que gerou, numa hora anti-patriótica, o sidonimo.

Nunca, como no tempo do sidonismo, se praticaram tantos crimes e tantas misérias, chegando a ser invadidas as residências dos homens da República por uma cáfila de miseráveis, pois não podemos esquecer os assaltos as casas dos Srs. Afonso Costa, Leote do Rêgo e Norton do Matos.

Sr. Presidente: ouço falar das misérias de hoje; ouço falar duma bomba que rebentou próximo do Terreiro do Paço, ferindo quatro populares o um sargento da guarda republicana; ouço a indignação que se levantou contra êste facto banal, como contra os indivíduos que há dias nas galerias desta Câmara deram vivas à República, e contra a frase do Sr. Presidente do Ministério de que era a favor do povo contra os exploradores.

Custa-me verificar que muitos dos que protestam contra êstes casos não retiraram o seu apoio à política responsável por todos os crimes praticados desde o dia 5 de Dezembro de 1917 até tantos de Março de 1918.

A política sidonista gerou a monarquia do norte e essa série de crimes que eu quero passar em branco, porque ninguém teve a coragem de a aplaudir dentro das fileiras republicanas.

Depois de vários Governos que se seguiram à monarquia do norte, houve aquela celebre dissolução parlamentar dirigida pelo pronunciamento militar do 21 de Maio de 1921, ficando encarregado o Partido Liberal de colhêr os frutos duma