O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 10 de Fevereiro de 1925 29

serem a expressão exacta das palavras do Sr. Agatão Lança.

Não acredito que S. Exa. tenha dito: "Não defendo a República dando vivas como V. Exa.".

Não acredito, porque S. Exa., que é meu amigo, sabe que eu sou capaz de defender a República por qualquer cousa mais que um simples viva.

S. Exa. sabe também que eu sou pessoa de poucos vivas e exteriorizações, e talvez por isso sou uma pessoa que muito sinto, prezo e amo a República do fundo do meu coração.

Se não se atribuíssem a S. Exa. certas palavras, S. Exa. não teria dado motivo aos meus reparos e não teria talvez usado da palavra para tratar dêste assunto.

Mas logo adianto O Século põe na boca do Sr. Agatão Lança estas palavras:

Leu.

Sr. Presidente: as duas frases conjugadas é que me obrigaram a pedir a palavra.

Não entrei no Arsenal; mas se entrasse, não era para matar cidadãos indefesos.

Seria antes para defender a República com a mesma boa vontade com que lá entraram outros; seria da mesma forma para oferecer o meu peito às balas e defender êsses cidadãos indefesos.

Dadas estas explicações, e julgando eu que S. Exa., se de facto proferiu essas palavras, fazia de mim êste conceito que eu acabo de expor à Câmara, dou por findas, pois, as minhas considerações sôbre este assunto.

O Sr. Agatão Lança (interrompendo]: - V. Exa. dá-me licença, para eu não pedir a palavra para explicações?

O Século transcreveu estas palavras:

Leu.

É a única cousa que há a rectificar do jornalista.

O que eu disse foi: "Não defendi a República dando simplesmente vivas".

Não se defende a República dando vivas em lugares...

O Orador: - V. Exa. não se refere a mim com certeza... Eu não dei vivas...

O Sr. Agatão Lança: - Não, Sr. Deputado. Quero referir-me a pessoas que vieram para aqui perturbar os trabalhos da Câmara.

Muitas vezes à sombra dos vivas à República se cometem os mais nefandos crimes.

E então disse o que está aqui: "Os que entraram no Arsenal também deram vivas à República, mas mataram cidadãos prestimosos".

É isto, Sr. Júlio Gonçalves, é isto, Sr. Presidente!

Nada tenho a retirar, tenho simplesmente a manter.

V. Exa. não está em causa; quem o está são os desordeiros que vêm perturbar a boa marcha dêstes trabalhos parlamentares; são os homens que, dando vivas à República lá fora, querem levar para a Morgue os republicanos de sempre, os republicanos honrados, homens que jamais, por mais horríveis que sejam as deliberações tomadas nas alfurjas para os proclamar inimigos da Pátria, e da República, jamais sairão do seu lugar.

E estão nesse caso, felizmente, muitos dos Deputados que têm assento nesta Câmara.

Apoiados.

O Orador: - Eu não posso deixar de agradecer as palavras do Sr. Agatão Lança, que me levam mais uma vez a considerar S. Exa. como uma pessoa leal e correcta para com todos aqueles que sabem ser correctos, como eu me prezo de ser.

Sr. Presidente: não é porque as palavras do Sr. Agatão Lança varressem do meu espírito a convicção em que eu estava e que me levou a proferir a frase com que ontem o interrompi, que eu faço esta constatação acêrca da correcção de S. Exa., mas porque vejo que houve de facto um mal entendido.

Eu efectivamente disso a S. Exa. que ninguém, pelo facto de dar vivas à República, poderia ser classificado de bandido, embora o incidente que aqui se passou nas galerias pudesse merecer o nome de imprudência.

O Sr. Agatão Lança não teve, porém, o pensamento que lhe atribui e portanto não tive fundamentalmente razão para o interromper.

O Sr. Agatão Lança, como acabo de dizer, é uma pessoa leal, correcta, e um dos meus amigos.