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30 Diário da Câmara dos Deputados

S. Exa. é um bom republicano, como eu me prezo de ser, embora eu não tenha tido ensejo de pegar em armas pela República, como S. Exa., mas tenho prestado ao regime o esfôrço que tenho podido.

Mas o Sr. Agatão Lança é para mim uma pessoa de má orientação política, de uma orientação política desastrada.

S. Exa. parece-me ser como aquelas borboletas que andam à volta da luz para nela se queimarem. S. Exa., sendo um republicano, não tem tido na sua trajectéria política através da República, uma linha do republicanismo partidário orientada dentro das correntes republicanas que eu julgo a mais consentânea com os interêsses da República.

S. Exa. é neste momento um correligionário meu; é nesto momento um membro do meu partido, certamente dos mais considerados e dos mais simpáticos.

O Sr. Agatão Lança tinha sido antes disso um ferrenho adversário de todos os Governos do meu partido...

O Sr. Agatão Lança (em àparte): - Não apoiado.

O Orador: - ...e terçado armas aqui dentro com o Govêrno do Sr. António Maria da Silva.

O Sr. Agatão Lança ainda nesse momento não tinha razão, porque o Sr. António Maria da Silva representava, porventura, a melhor corrente dentro do Partido Democrático.

Mais tarde, o Sr. Agatão Lança filiou-se no meu partido. Felicitei-me por isso.

No dia em que a sua filiação foi anunciada, num discurso proferido no Centro Almirante Reis, eu tive osasião de manifestar o meu regozijo por mais um soldado valente e sem mancha ter vindo para o Partido Democrático.

Tive ensejo de dizer isto, e, por êste motivo, julgo-me com toda a autoridade para lhe dizer que sou das pessoas que discordam da sua orientação política. E porquê?

Porque o Sr. Agatão Lança tem vindo sempre combatendo todos os Governos do meu partido, apesar de nele estar filiado. Agora, e não obstante isso, continua a combatê-los.

O Sr. Agatão Lança (interrompendo):- Também V. Exa. derrubou o Govêrno do Sr. Rodrigues Gaspar.

O Orador: - Eu não desejo fatigar demasiadamente a atenção da Câmara, mas quero ainda proferir mais algumas curtas e desalinhavadas frases.

O Sr. Agatão Lança (interrompendo}:- V. Exa. dá-me licença?

Eu desejava preguntar-lhe se já acabou de fazer a interpelação que não me tinha anunciado, porque, se acabou, desejava retirar-me para o meu lugar.

Eu esperava da correcção e delicadeza de V. Exa. que me avisasse. Mas logo terei ocasião de lhe responder.

O Orador: - Eu julgo que as interpelações são, apenas, anunciadas aos Ministros, e V. Exa. não é Ministro.

Sr. Presidente: se eu quisesse abusar da paciência da Câmara, muito mais cousas de ordem política teria a dizer, e adequadas ao momento político que decorre.

Se a ocasião se proporcionasse e se se não supusesse que fazia blague, eu enviaria para a Mesa os seguintes negócios urgentes:

Leu.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo}: - O trabalho que V. Exa. deve ter tido para fazer essa fórmula!

Risos.

O Orador: - V. Exa. vai ver que esta fórmula no fim é verdadeira e foi feita em 5 minutos. Mas vou ler a V. Exa. o resto, que é o seguinte:

Continua a ler.

O Sr. Ferreira da Rocha (interrompendo): - V. Exa. já tem 400 em 100. A fórmula está errada.

O Orador: - V. Exa. já fez a soma? Se V. Exa. quere, dou-lhe a fórmula.

O Sr. Cunha Leal: - Sabe V. Exa. porque o Govêrno tem a vida arriscada? É porque em 100 encontra 400.

Risos.