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26 Diário Da Câmara dos Deputados

A questão está afastada do seu ponto inicial, e está afastada para só transformar neste debate político.

Não se trata. Sr. Presidente, de uma questão do administração pública, mas sim de um debate que nenhumas vantagens pode trazer ao País.

A guarda nacional republicana, Sr. Presidente, não se sentiu nem se podia sentir agravada pelas palavras atribuídas ao Sr. Presidente do Ministério, não só porque essas palavras não contêm êsse agravo, como pelas explicações já aqui dadas e que mostram que não havia intenção de agravar essa fôrça.

Eu já disse, e repito, que o que perturba e agita são as palavras aqui produzidas por alguns Deputados neste momento grave.

Toda a gente sente, não só dentro desta Câmara mas em todo o País, que o que perturba são as atitudes aqui tomadas contra o Govêrno, que o que estabeleçe a confusão no País são as afirmações constantemente aqui repelidas e publicadas nos jornais, as quais podem dar lugar a situações muito graves.

Ninguém se importará depois com as suas consequências, mas pela sua repetição constante, pela natureza das pessoas que as proferem, vão lançar por todo o País uma confusão tam grande que nós não sabemos até que ponto essas consequências poderão ir.

Tem-se falado muitas vezes nesta Câmara sôbre acontecimentos passados, e ainda hoje à tarde o meu ilustre amigo Sr. Pina de Morais, nas considerações que fez e citando de relance a sua acção como militar e como político, se referiu aos acontecimentos de 19 de Outubro.

Lamento que o meu ilustre amigo não esteja presente, porque, colocando os factos num pé de verdade, eu desejaria responder a uma sua afirmação.

Aguardarei, porém, que S. Exa. chegue para então me referir a essa afirmação, mas, no entretanto, aproveito o ensejo para, sôbre êsses acontecimentos, tantas vezes relembrados e deturpados, fazer uma distinção que é absolutamente justa.

Pretende-se frequentemente confundir o movimento de 19 de Outubro com as mortes realizadas após êle.

rata-se, no emtanto, de duas cousas completamente distintas.

Não procuro saber, nem me preocupam, as opiniões de quem quer que seja sôbre êssos acontecimentos, mas o que não é justo é que, se deturpem e que se misturem os factos para tirar dêles conclusões que não correspondem de nenhum modo à verdade.

Qualquer pessoa de boa fé e que se recorde dos acontecimentos, poderá com facilidade confirmar a afirmação que eu faço, de que há uma distinção completa e absoluta entre o movimento revolucionário que se produziu e os assassinatos praticados depois.

Ainda há pouco o ilustre Deputado e distinto oficial da marinha que é o Sr. Agatão Lança, amigo que muito prezo, numas palavras que trocou comigo, confirmou esta minha afirmação.

Hão exactamente aqueles que nesta Cântara iniciaram o elogio ao actual Govêrno que mais vezes se têm servido da recordação do movimento de 19 de Outubro, pretendendo, com a mais flagrante injustiça, confundir duas coussas que não têm relação possível.

Procura-se neste momento lançar a perturbação sôbre a guarda nacional republicana, fazendo a afirmação de que ela foi agravada pela pessoa de S. Exa. o Sr. Presidente do Ministério.

Interrupção do Sr. Agatão Lança, que, não se reviu.

O Sr. Presidente: - Peço a V. Exas. que não mantenham diálogo em voz baixa.

0 Orador: Dizia eu que se pretende criar uma situação que é perigosa.

Tenho, porém, a certeza de que os que tal pretendem não conseguirão os seus fins.

Tanto o exército como a guarda republicana conhecem bem a sua missão. Sabem que ela está acima das pugnas dos políticos que só a estes interessam.

O que se pretende é derrubar o Govêrno! Para quê?

Há quem queira substituí-lo?

É esta a pregunta que se devia fazer.

Mas derrubar o Govêrno à volta da questão que se pretende estabelecer, seria uma cousa tam extraordinária que nós podemos afirmar que seria mesmo única nos anais da nossa história política.

Vê-se. Sr. Presidente, das considerações que eu fiz que nenhum agravo pode-