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22 Diário da Câmara dos Deputados

mesmo povo - o que de resto representa um elogio à mesma guarda - se faça uma questão política.

Então se houvesse um Presidente do Ministério que dissesse: As armas são para fusilar o povo! Que diriamos nós?

ntão porque num momento em que era preciso calma, o Sr. Presidente do Ministério não disse isso, acusa-se o Ministério?

Sr. Presidente: é profundamente triste que se não encontre outro fundamento para derrubar o Govêrno, pois a verdade é que isto chega a vexar a nossa inteligência.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Agatão Lança não reviu os seus àpartes.

O Sr. Torres Garcia: - Sr. Presidente: deve haver uma semana a esta parte que a Câmara dos Deputados se tem constituído em tribunal, e assim, visto que a maior parte dos Deputados que têm falado tem salientado as suas qualidades como republicanos e cidadãos, eu não quero neste momento grave que estamos atravessando deixar também de definir a minha atitude.

Devo dizer em abono da verdade que tenho toda a autoridade para falar como republicano e como cidadão, por isso que tenho servido a República desde 1907, tendo feito parte dos centros republicanos de Coimbra.

Prestei também o meu concurso quando da implantação da República, e mais tarde não deixei também de me oferecer, como o Sr. Pina de Morais, para prestar o meu concurso em defesa da Pátria.

O Sr. Agatão Lança: - Não diga mais, senão é considerado um inimigo da República e da Pátria.

O Orador: - Lembro-me, Sr. Presidente, muito bem que entrei também no 14 de Maio ao lado do Sr. Agatão Lança.

Quando da nossa participação na guerra, frequentei uma escola de oficiais milicianos, em que havia vinte e sete monárquicos e apenas dois republicanos.

Levantou se uma suspeita sôbre o meu carácter, e quando o director da escola me quis entregar o diploma de aspirante miliciano, declarei lhe que não o aceitava sem que publicamente êle fizesse a declaração de que eu tinha qualidades morais para envergar a farda do exército português; e êsse homem que me tinha caluniado, teve de declarar que me considerava absolutamente digno.

Fui para França, como voluntário, servir no quadro de artilharia, e lá fui recebido com as mesmas provas de desafecto e falta de solidariedade.

Houve uma hora que eu considerei deprimente para a glória do exército português, em que todos abandonaram o cumprimento dos seus deveres, e eu arrisquei a minha liberdade, escrevendo um relatório de oficial do dia.

Tirei hoje uma cópia dêsse relatório, que vou ler à Câmara, porque julguei que seria necessário trazer os meus dados biográficos para aqui.

Eis o que eu escrevi para salvar o bom nome do nosso exército:

Leu.

O Sr. Sá Cardoso (interrompendo): - V. Exa., pelo que acaba de ler, faz uma acusação formal à acção da nossa artilharia em França.

Como a Câmara sabe, eu fui comandante duma secção de artilharia do Corpo Expedicionário Português.

O Orador: - V. Exa. nunca teve a mínima interferência na secção de artilharia em que eu servi, e portanto êste documento não se refere de forma alguma à acção de V. Exa.

Sr. Presidente: apesar de ter escrito êste tremendo atentado à disciplina, nunca fui castigado; pelo contrário, fui louvado e quem recebeu o castigo foram aqueles que o mereciam, sendo destituídos dos lugrares que ocupavam.

Isto vem para demonstrar perante todos o que sou capaz de fazer para manter a linha de conduta que desde o principio indiquei ao meu carácter.

De todos que aqui estão haverá alguns com mais merecimentos intelectuais ou scientíficos do que eu; mas mais autoridade moral e republicana, muitos a terão igual, sem que ninguém, suplante a que eu possuo.

Apoiados.