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18 Diário da Câmara des Deputades

nifestação comunista, apesar de atacade pelos manifestantes, não deixou a sua tropa fazer fogo.

Continuou com os seus soldades alinhades, e, apesar de alguns já estarem feridos, leve o sangue frio e a elegância moral de permanecer imperturbável, sem ordenar um tiro.

Os seus superiores ordenaram um inquérito e castigaram-no.

O oficial em questão reclamou do castigo, fez-se novo inquérito, e foram-lhe tributados os maiores elogios que aos oficiais são dados naquele país.

Êste procedimento foi igual ao que na última sexta-feira teve a guarda republicana.

Resta das entidades que apontei, como tendo intervenção nos acontecimentos, o Sr. Presidente do Ministério.

Evidentemente que os juízos que só formulam dependem muitas vezos das informações jornalísticas, muito difíceis em acontecimentos desta natureza. Os reporters que as escrevem colhem essas informações muitas vezes com risco da sua vida, e procuram, com o gosto pela sua profissão, reproduzi-las da forma mais exacta e clara. Mas a verdade é que nem dessas informações se pode concluir que o Sr. Presidente de Ministério tivesse faltado aos deveres que lhe eram impostos pela funcão que exerce.

Sr. Presidente: os povos, depois da guerra, que não foi mais de que um formidável fenómeno da dissolução social, têm procurado critérios novos.

Evidentemente procura-se um novo equilíbrio.

O espírito avançado dalguns povos procura firmar-se sôbre o lado financeiro, o lado agrário e o lado económico.

Como exemplo de democracia política apresentarei a França nos períodos de 1871 e 1914.

Com a democracia política com mais defeitos apresento a nossa de 1911 até 1917.

A democracia política, em geral, é mais fácil de estabelecer nos povos; é uma democracia que não mexe em interêsses.

A democracia económica é que é difícil de fazer estabelecer e viver.

A democracia económica não é como a política, nem como a democracia política, que toca nas prerrogativas.

Não, Sr. Presidente, a democracia económica toca nessa massa vil de que é feito o homem, toca na lama baixa de ouro.

O dinheiro sem contrôle, o dinheiro, quando as democracias o não seguram e o não obrigam, o dinheiro, Sr. Presidente - e deixo estas palavras à consideração descuidada da Câmara - é sempre pelo dinheiro e por mais nada.

Escusam de procurar grandezas de abnegação nas classes ricas, porque as não encontram, salvo raras excepções.

A verdade, Sr. Presidente, é que, seja de que maneira fôr e desde todos os tempos, o dinheiro sem contrôle, repito, é sempre pelo dinheiro.

E é por isto mesmo que a democracia económica é muito mais difícil de estabelecer e de fazer viver dentro de regime.

Enquanto falava, Sr. Presidente, para compensar a violência das minhas palavras, eu quis procurar, numa memória que não tenho, um exemplo em que pudéssemos ter um bocadinho mais de carinho pelo dinheiro, e lembro-me, Sr. Presidente, que encontrei apenas êste pequeníssimo capítulo.

A única acção patriótica de Bancos, que eu conheço, foi a dos Bancos regionais, depois da guerra de 1870, em França.

Já vê V. Exa. Sr. Presidente, já vê a Câmara, e o País fica também informado, além daqueles que me ouvem e da imprensa, que os acontecimentos do dia 6 não têm o vilismo que lhe querem atribuir, não têm as consequências que lhe querem procurar e não têm, finalmente, a grandeza que lhe querem dedicar.

É um mero caso de rua, sem importância de maior.

Porém, a razão principal, a razão da luta política que se trava apaixonadamente, é só uma: o impedir que se implante definitivamente entro nós uma democracia económica.

Sr. Presidente: eu não tenho acompanhado de perto a vida e o caminho que a República tem seguido, porque os lugares que tenho ocupado tal me não permitiram, o que deveras lamento. Assim, não me tem sido permitido um acompanhamento seguro e aproximado, de forma a poder, com os elementos do passado, chegar às conclusões de futuro.