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20 Diário da Câmara dos Deputados

atravessa uma grande parte dos seus representantes sé tem a consciência desta realidade tremenda, mas miserável: estão à porta as eleições. E então, como estão à porta as eleições, como parece que a situação do Deputado é qualquer cousa de pingue para os interêsses de cada um, vá ou não contrariar o movimento de revolta que anda lá fora, e, como êsse movimento é contra o povo, vá de alcunhar o povo de miserável, vá de alcunhar de generosa a atitude dos outros.

Como uma consulta, às urnas pode nesta hora vir demonstrar a esta gente que o divórcio da Nação é cada vez mais completo, então vá de fazer uma cousa; só porque o Govêrno esboçou qualquer cousa de útil, qualquer cousa de amparo ao povo, vá de procurar por todos os termos derrubar o Govêrno.

Sr. Presidente; se nesta hora eu tivêsse de acusar o Govêrno, acusá-lo-ia, precisamente por ter feito pouco, muito pouco, por ter apenas esboçado os problemas, se bem que com generosidade, olhando para o povo e não esquecendo a tradição republicana.

Apoiados.

Podem, senhores das oposiçõos, vencer êete Govêrno que, apesar de tudo, hão-de ficar amarrados, porque a Nação os jungirá, à orientação que êlo quis imprimir aos destinos do País.

Por mais que as confrarias de padrinhos pensem que aos senhores da grande finança será possível novamente tomar conta de uma pátria, o povo não o consentirá por nenhuma forma.

Apoiados.

Vou contar a V. Exa. um caso edificante.

Todos V. Exas. sabem que determinada emprêsa da nossa terra, das tais emprêsas tentaculares, dos tais pobres da alta indústria e do grande comércio, se comportou por tal forma em suas contas que um roubo tremendo se deu em detrimento dos accionistas.

É que os "ratos" da administração, metidos no queijo gostoso que ela representava, administraram por tal forma que o êrro da conta - expressão baixa, miserável, que nestes tempos de plutocracia é possível atirar à face escaldada de um povo - atingiu dezenas de milhar de contos.

E porquê? Porque os pequenos accionistas não tinham representação nas assembleas dessa emprêsa, e, Sr. Presidente, dentro desta casa outro diferente de mim eu não ouvi que tivesse estigmatizado actos desta natureza.

Então o povo, então aqueles portadores de uma, duas, três ou dez acções, então os seus ínterêsses não contam para esta República?

Depois talvez se soubesse lá fora que no meu grupo se tinha aconselhado o Govêrno a modificar êste estado de cousas, de forma a que o portador de uma acção tivesse voto, de forma a que não fossem possíveis as negociatas que tem havido e, então, como isso é recomendação do meu Partido e porque haveria um Govêrno capaz de o pôr em prática, vá de derrubar êsse Govêrno.

É um tremendo sudário o abandono a que os Governos da República têm votado o povo.

Os interêsses dos pobres não têm contado!

Pois é necessário olhar para êles. Qualquer que seja o Govêrno, tem de encarar êsse problema e de o resolver. Isto é que são negócios urgentes.

Mas como nós, meridionais, temos a facilidade de exagerar, V. Exa. poderá supor que isto que digo não é a expressão da verdade.

Pois bem, Sr. Presidente, agora vou dar um outro exemplo, e dou-o por esta razão elementar: é porque isso importa a interêsses de pequenos.

á uma companhia que delibera sobre o aumento de capital: o pobre Ze portador de poucas acções não conta para isso, e nesta hora em que êle invoca por esmola às direcções que modifiquem os estatutos por forma a ser-lhe dada representação, eu não vejo levantar-se, aqui, a questão em negócio urgente, a fim de intimar o Govêrno a que dê representação aos interêssos legítimos dos pequeninos.

Isto é que era um negócio urgente!

Espezinham-no à vontade, e o povo tam bom, tam ingénuo, não sabe destas cousas!

O Sr. Torres Garcia: - O povo tem de ser esclarecido com a verdade!

O Orador: - É o que estou fazendo.