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34 Diário da Câmara dos Deputados

tido. Êste Partido, realmente, sucumbiu às suas mãos. O Partido Popular que o pobre e saudoso Júlio Martins tinha fundado na sua ingenuidade republicana, foi escangalhado, com dois safanões para a direita e dois para a esquerda, pelo Sr. Cunha Leal.

S. Exa. ainda, segundo os jornais dêsse tempo, ouviu da boca de um dos seus futuros correligionários, anunciado como dos mais prestimosos, também pessoa muito inteligente, pessoa com quem S. Exa. terçou armas nas horas amargas da República, pessoa a quem deu o peito às arms em Santarém, e com quem aqui lutou, as seguintes palavras: "eu com o Sr. Cunha Leal só tenho ligações por intermédio da polícia". Não sei se é verdade ter sido dito isto, mas o Sr. Cunha Leal não deixava passar com certeza a afronta. Portanto, não afirmo que isto se passou, mas li isto nos jornais de então. Pois S. Exa. agora é um dos correligionários dêsse homem que foi o segundo chefe do sidonismo, o homem que em Santarém, estragou a nossa acção na guerra.

Êsse homem que estragou a guerra, que sufocou a revolta de Santarém, chasqueando dela e mandando um tenente para prender os oficiais que nela tinham tomado parte, embora alguns fossem de patente superior, esta em vésperas de ser correligionário do Sr. Cunha Leal.

Sr. Presidente: que incoerência política eu vejo nos homens!

Eu não costumo falar nestes termos, mas faço-o hoje, porque reputo êste dia histórico e porque desejo marcar a minha humilde posição.

O Sr. Cunha Leal é quem agita com mão de mestre o tal elixir nacionalista, o elixir dos Governos de 1921, e do Govêrno dos célebres 28 dias, de Novembro a 10 de Dezembro do 1922.

Sr. Presidente: se formos a acreditar na intriga política que se está desenrolando contra êste Govêrno, servindo-se de todos os processos, que teríamos nós de dizer dessa triste aventura de Outubro de 1923?

0 que teriam de dizer alguns deportados que estiveram em íntimo contacto com êsso movimento, embora o combatessem?

E nós fomos magnânimos ..

O Sr. Pedro Pita: - Peço a palavra.

O Orador: - O Govêrno de então caíu porque o Parlamento o derrubou numa situação em que se preguntava ao chefe do Govêrno: O Senhor quis fazer a ditadura?

O Senhor quis obter a dissolução parlamentar?

O Sr. Pedro Pita pediu a palavra. Eu sei que S. Exa. segundo rezam algumas confidências...

O Sr. Pedro Pita: - Desisto da palavra.

Orador: - ...foi uma das pessoas que se opuseram a que se fizesse ditadura e até que a dissolução fôsse votada.

Presto, pois, a minha inteira homenagem ao Sr. Pedro Pita, e à acção que S. Exa. desenvolveu nesse dia. Aqui Tem S. Exa. o que posso dizer acêrca dêsse caso.

Todavia, o que afirmo, Sr. Presidente, é que êsse Govêrno quis não só a dissolução parlamentar como pretendeu fazer a ditadura.

O que disse, afinal, o Sr. Presidente do Ministério?

Que a guarda republicana não se tinha feito para espadeirar o povo.

Então não é isto uma verdade?

Porventura a guarda republicana fez-se para espadeirar o povo?

Há aqui algum republicano que tenha a coragem de tal afirmar?

Se há, fale claramente: diga que só vai derrubar o Govêrno porque êle entende que a guarda republicana não se fez para espadeirar o povo!

Também se disse que é preciso o equilibrio das classes. Evidentemente que é.

Mas o equilíbrio das classes consiste em as fôrças vivas nas suas associações resolveverem nã0 cumprir as leis emanadas do Parlamento, como sucede com a lei da selagem?

É equilíbrio das classes os bancos e Associações Comerciais não cumprirem o decreto sôbre o regime bancário?

É equilíbrio das classes ir para a Associação Comercial e Banco de Portugal dizer que os políticos são uns ladrões e incompetentes?

Apelo para todos os políticos que aqui