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36 Diário da Câmara dos Deputados

Não posso divergir das opiniões de qualquer homem que se senta naquelas cadeiras?

E pregunto então: qual é mais condenável: é a minha atitude de então ou a que S. Exa. ultimamente tomou, S. Exa. que, sendo um velho soldado do Partido Republicano Português, votou, sem qualquer deliberação do partido, contra o Govêrno do Sr. Deputado o membro do Directório do Partido Republicano Português, o Sr. Alfredo Rodrigues Gaspar? É esta a coerência da S. Exa.!

as disse também o Sr. Júlio Gonçalves que eu era uma borboleta sob o ponto do vista político.

Apesar disso eu apenas voei da situação do independente em que estive durante toda a minha vida, para um partido, onde me filiei pela primeira vez e que foi o Partido Republicano Português. Não mudei mais de partido para partido.

Mas mesmo que o tivesse feito, pregun-to: seria isso um crime?

Há aqui dentro republicanos veneráveis, como o Sr. Álvaro de Castro, que tem passado pelos diferentes partidos da República, sem que por isso S. Exa. tenha descido dessa alta situação em que todos o consideramos.

Eu serei uma borboleta; mas a borboleta que gira em volta da luz dos bons princípios republicanos e de uma moral política sã.

Só isso prova que não há peias partidárias que me obriguem jamais a tomar uma atitude de submissão que se não coadune com a minha consciência.

Nunca na política tratei de mim.

Tenho tratado apenas da causa que sempre defendi: a da República e a do interêsse nacional.

Quando isto não suceda, êsto Govêrno ou qualquer outro, pertencente ou não ao meu partido, não poderá contar com o meu voto.

O Sr. Júlio Gonçalves que, como a Câmara viu, votou contra o Govêrno do Sr. Rodrigues Gaspar, e que é prestigioso elemento do Partido Republicano Português, é, sem dúvida, mais borboleta do que eu: deixando se levar por grupos e coteries, a que eu jamais prestarei vassalagem.

Pelo discurso que o Sr. Júlio Gonçalves fez, toda a Câmara viu que S. Exa. a ninguém dá o direito de ter visão política.

Ela concentrou se toda no cérebro potentoso do Sr. Júlio Gonçalves.

E, ainda bem, porque, assim, S. Exa. certamente deverá ser elevado aos mais altos cargos desta República ou do outra qualquer, que pode muito bem ser a dos
soriets.

Uma outra passagem que eu não quero deixar passar em claro é aquela em que O Sr. ina de Morais disse que aqui dentro é só Deputado.

Disse S. Exa. uma verdade, como as de Mr. de La Palisse.

Todos nós sabemos que não estamos aqui como advogados, médicos, oficiais ou profissionais de qualquer classe.

Mas, Sr. Presidente, o que nós podemos é discordar de qualquer acto de um Govêrno que representa um desprestígio para as corporações armadas, a uma das quais eu tenho a honra de pertencer.

Dito isto, Sr Presidente, eu tenho a relembrar a V. Exa. e à Câmara que ainda não ouvi resposta às preguntas concretas que dirigi ao Sr. Presidente do Ministério.

É natural que S. Exa. a vá dar daqui a pouco, mas, Sr. Presidente, fala-se muito na célebre frase por S. Exa. pronuncada, ou pelo menos atribuida, e que O Mundo, órgão oficial do Govêrno, transcreveu.

Eu tenho a dizer a V. Exa. que essa frase é ofensiva porque é inoportuna e porque foi dita, depois de acontecimentos sangrentos.

Rebentou uma bomba, houve vários feridos, entre êles dois pertencentes à guarda nacional republicana, e diz-se à fôrça armada que ela tinha procedido da melhor forma não disparando sôbre o grupo donde essa bomba tinha partido, porque ela é também constituida por filhos do povo.

Sem dúvida. Mas não se pretende que a força armada dispare sôbre o povo, mas sim sôbre os bombistas que lançam bombas na via pública, atentados êstes que são propalados nas alforjas, para se efectivarem contra verdadeiros patriotas e homens de bem.

Apoiados.

Mas essa mesma frase ainda ontem foi repetida pelo Sr. Presidente do Ministério