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Sessão de 10 de Fevereiro de 1925 33

dissolução parlamentar resultante dum mal entendido político que não quero apreciar.

O Partido Liberal fez as eleições e, como se diz em linguagem parlamentar, perdeu as eleições porque não conseguiu uma maioria que o pudesse apoiar.

Foi o Partido Democrático que conseguiu que o Partido Liberal governasse durante algum tempo, mas então apareceram as correntes antigas dêsse partido a manifestar-se: o unionismo com o Sr. Barros Queiroz, e o evolucionismo com o Sr. António Granjo, de saudosa memória. O Govêrno do Sr. Barros Queiroz caiu e o Govêrno do Sr. António Granjo foi derrubado pelo movimento de 19 do Outubro.

Sr. Presidente: o actual Ministério pode felicitar se por não lhe ter ainda sido ainda apresentado nenhum negócio urgente sôbre o 19 de Outubro.

Parece que os homens se esqueceram já dessa catástrofe tam lamentável, e afigura-se-me, a mim, que sou novo e que não tenho entrado com as armas na mão nas lutas travadas entre os republicanos, que as explicações dadas aqui no Parlamento e lá fora sôbre o 19 de Outubro são dum puerilidade tal que levam a crer que os homens não querem ver os acontecimentos na sua origem política, atribuindo-os apenas à obra do "Dente de Ouro".

Sr. Presidente: por mais lamentável que tenha sido a revolução de 19 de Outubro, e tristíssima foi ela, cruel e prejudicial para a República e para a Pátria, não nos iludamos: essa revolução foi o produto dos antecedentes históricos dessa época. Os republicanos não se entendiam, por toda a parte era a luta mesquinha, a luta política sem finalidade. A desordem política fez nascer essa madrugada trágica, e êstes acontecimentos não servem de exemplo nem de lição.

Sr. Presidente: os políticos da minha terra parecem-se muito com as borboletas de que há pouco falei e que andam à volta da luz. Eu falo com o coração nas mãos e com a sinceridade de republicano e de patriota. A revolução de 19 de Outubro não foi mais que o produto histórico das lutas das paixões que se entrechocaram.

Há um pregão que se ouve constantemente, como o reclamo dum milagroso elixir, capaz de curar todas as enfermidades. Êsse elixir é o Partido Nacionalista. Só êle é que pode governar, só êele é que tem competência, só êle é que tem grandes homens de finanças. Proclama-se: aqui está o elixir nacional; quem quere comprar?

Quem agita êste frasco é o Sr. Cunha Leal, que é uma pessoa muito inteligente e particularmente muito simpática. Mas o Sr. Cunha Leal é como político o mais desastrado político de Portugal. S. Exa. nunca foi senão um desastrado político. Desde a sua saída dos bancos da escola, republicano velho, segundo ouço dizer e sem contestação, ate hoje, não tem feito mais do que trilhar dentro da política republicana um caminho aos torcículos, que ninguém entende, sem uma orientação. Tam depressa se diz um avançado, como um conservador; tam depressa diz, segundo o relato dos jornais (não sei se S. Exa. perfilha estas palavras) que "se não houver dinheiro a guarda republicana irá buscá-lo aos bancos", como se coloca até contra as suas qualidades de valentie, com mêdo que tudo subverta, que venha a onda popular que tudo avassala, entendendo, por isso, ser preciso que todos nós, as pessoas das classes médias e que temos que perder, nos unamos e seguremos a nossa situação, para que não nos deixemos subverter por essa onda infrene.

S. Exa. tam depressa diz aqui um dia, quando era popular e indicando o lado liberal: "para aí nunca irei; para ali, para os democráticos, ainda poderei ir", como tam depressa se passa para aquelas bancadas.

O Sr. Cunha Leal: - Levou-me para lá o 19 de Outubro.

O Orador: - O Sr. Cunha Leal que é uma personalidade política da qual eu guardo as recordações que posso fixar nos jornais, visto que o conheço de pouco tempo, S. Exa. a quem considero um homem de bem e digo-o aqui sem nenhum receio de desagradar aos seus inimigos, S. Exa. que é um desastrado político, mas que particularmente considero como homem de bem, S. Exa. pondo se dentro do Partido Popular estragou êste Par-